20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Em 2016, a escola nos chamou para dizer que o nosso filho Filipe, de 4 anos (o nosso caçula e temporão, como se diz em SP), era uma criança sem limites, mimada e que tinha comportamento diferente das demais crianças: tapava os ouvidos na aula de música, se escondia debaixo da mesa e não interagia com as crianças na hora do lanche — recomendou levarmos ao psicólogo e mudarmos os hábitos em casa.

Eu, como mãe, já tinha percebido alguns hábitos repetitivos no meu filho: brincava sempre com os mesmos brinquedos, não interagia quando havia outra criança, assistia frequentemente aos mesmos desenhos animados na TV, pedia sempre os mesmos alimentos para comer. E não tinha sido assim com os irmãos, na ocasião com 14 e 8 anos.

Fomos pesquisar na internet estes comportamentos e sintomas, e antes mesmo de ir à consulta com a psicóloga, que então a escola recomendou, já tive a noção de que ele tinha algo diferente no seu desenvolvimento e que poderia ser algo chamado de “Síndrome de Asperger ou Autismo”. Meu marido e eu ficamos sem chão, preocupados, sem compreender muita coisa, mas sabíamos que era o começo de uma nova jornada desconhecida em nossa família.

Filipe passou por profissionais que iniciaram as avaliações, testes, para chegar ao diagnóstico. Por incrível que pareça, o primeiro diagnóstico foi o TDAH (hiperatividade), seguido algum tempo depois pelo TOD (transtorno opositor desafiador) e então veio o TEA (transtorno do espectro autista), nível 1 de suporte. Por fim, todos os
diagnósticos juntos. O Filipe se tornou o nosso “combo abençoado”.

Durante este tempo, aprendemos muito com os profissionais, mergulhamos em cursos, congressos, livros e tudo o mais, e assim a rotina foi sendo adaptada e compreendida entre todos. Passamos a viver, um dia de cada vez.

A chegada da adolescência

Hoje, Filipe tem 13 anos, e uma nova fase se inicia para ele e para toda família. Agora, a adolescência requer atenção de uma forma diferente da que tivemos com os irmãos. Novos comportamentos se misturam ao diagnóstico e temos que aprender a separar o que é o Filipe adolescente, do autismo, do TDAH e principalmente do TOD. Sabemos que vem muita coisa pela frente, mas o amor e a fé são a nossa força motriz: os filhos são uma herança preciosa, e o ambiente familiar, envolvido positivamente por todos, faz a diferença.

Precisamos calçar o sapato do outro, com rotina guiada por respeito, resiliência. A dedicação dos pais continua sendo a base para a superação dos desafios em cada fase, mantendo a esperança acesa e a convivência
humana como prioridade.

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