Existem algumas características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) bem específicas, dentre elas a seletividade alimentar, a recusa de certos alimentos específicos além do comportamento durante as refeições.
A seletividade pode ser exemplificada pela escolha limitada de alimentos, que envolve as cores ou texturas diferentes, por exemplo. A recusa é caracterizada pela frequente rejeição a determinados alimentos, o que pode causar a deficiência de nutrientes importantes, prejudicando o estado nutricional do indivíduo autista, sobretudo durante a infância. A frequência das recusas é o que acarreta, na maioria das vezes, a seletividade alimentar. E a indisciplina durante o momento das refeições que pode se apresentar de diversas formas. Por exemplo, expelindo ou descartando a comida, através do choro contínuo ou pelas estereotipias que impedem o mecanismo de mastigação e deglutição. Até mesmo a recusa alimentar pode ser um dos comportamentos e, nesse caso, podemos ter um círculo vicioso. A criança não consegue comer, algum outro alimento de aceitação mais fácil lhe é apresentado, normalmente esse alimento é aceito e, assim, passa a fazer parte da rotina com uma certa frequência, firmando o hábito pela insistência. Com isso, as experiências com novos alimentos ficam cada vez menos frequentes, fortalecendo ainda mais o ciclo.
Algumas possíveis explicações para esses comportamentos peculiares correspondem ao fato de muitos autistas não desenvolverem habilidades de comunicação, dificultando a relação para a interpretação da fome, sede, saciedade e preferências alimentares, por exemplo.
As alterações alimentares das crianças com TEA interferem na rotina de toda a família, pois podem tornar o momento da realização das refeições em instantes de estresse e angústias decorrentes de uma sucessão de tentativas frustradas de aceitação da alimentação.
Algumas dicas para facilitar o ato alimentar da criança autista:
a) Convidar a criança para ajudar no preparo dos alimentos, realizando pequenas e simples tarefas que possam estimulá-la a experimentar coisas novas.
b) Preparar o prato da criança com pequena quantidade de comida e com alimentos de cores variadas. De preferência, tenha sempre um adulto como exemplo por perto.
c) Crie o hábito de oferecer as refeições sempre nos mesmos horários, evitando distrações, como qualquer tipo de tela ou brinquedos.
d) Ofereça de formas ou preparações diferentes aqueles alimentos que a criança não gosta de comer, a fim de evitar carências nutricionais.
e) Disponha os alimentos no prato de forma que eles não se misturem, pois, dessa maneira, costumam ser mais aceitos.
f) Ofereça novos alimentos aos poucos, de modo que a criança possa se acostumar com a cor, cheiro, textura e aparência do alimento antes de efetivamente experimentá-lo.
A rotina é fundamental para o indivíduo autista e criará o hábito alimentar dele. Deve-se ser paciente e respeitar o tempo dele, valorizando cada progresso e buscando a cada dia uma nova conquista.
Vale lembrar que uma microbiota equilibrada ajuda na implantação das regras e novos hábitos, já que eles acabam ficando mais receptivos e menos reativos.