Eu peço licença a todos vocês, para fazer o meu mais puro e singelo desabafo. Eu não gosto de me enaltecer, nem farei isso. Mas se tem algo que a minha terapeuta me ensinou, foi a expressar as minhas emoções. Eu me encontro emocionado, cheguei à marca de 30 mil seguidores. São 30 mil pessoas sendo influenciadas pela minha palavra. É uma grande responsabilidade, é como “se eu estivesse a gerir um município”. Mas os números altos não importam tanto, claro que sou grato por todos que têm chegado e que estão desde o começo, me apoiando e lutando comigo. Eu não sou o maior ativista da comunidade em números, mas eu tenho certeza que sou um dos que têm os seguidores mais fiéis. A minha felicidade não se baseia no fato da marca em si, é parte da minha personalidade ser verdadeiro, não ter filtros e combater tudo aquilo que vejo de errado.
Doido, retardado, doente mental, parafuso a menos… Esses são apenas alguns dos adjetivos pejorativos que recebi ao longo da minha vida.
“Você vai chegar aos 30 anos e não vai ser ninguém, ninguém se importa com você, você é doido!”
Essa frase eu nunca vou esquecer, um dito cujo que se dizia meu amigo destilou ela a mim, mostrando sua verdadeira face, em uma briga de egos. Não guardo mágoas, minha fé em Deus não me permite sentir ódio, mas se eu pudesse responder a ele, eu diria:
“Eu tenho autismo, não sou doido, tenho um funcionamento diferente. Eu tenho 24 anos, talvez você tenha confundido a minha idade com o número de pessoas que me apoiam, afinal… São 30 mil pessoas me escutando e se importando com o que falo, não é mesmo?”
Desejo bênçãos à vida dessa pessoa. Eu quero que ele nunca passe por algo semelhante do qual escutei dele, porque dói. Receber pancadas dói, eu recebi muito durante a vida. Até no ativismo é assim, né? Faz parte da vida. Eu falo alguns palavrões, eu sou a favor da ciência, eu sou pragmático e falo o que penso. Eu não utilizo de discursos utópicos para agradar as pessoas, o apoio que tenho é orgânico. Quem gosta de mim, não precisa ter vergonha de gostar de mim. Um ativista em ascensão, em prol do autismo e da inclusão. É o cenário que me encontro, depois de muita luta.
Eu celebro, pois tenho uma responsabilidade massiva com 30 mil pessoas. A essas devo minha lealdade, e sei que este número aumentando, a responsabilidade irá aumentar. Como diria Ben Parker:
“Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.
Obrigado, muito obrigado a todos. Obrigado, meu Deus! Quando um autista atinge a meta, fico feliz, inclusive eu mesmo. Muito prazer, Wallace de Lira… Autista, ativista, estudante de psicologia, diretor do Autistas Alvinegros, escritor e colunista do Coletivamente.