Recentemente, junto ao meu amigo Rafael Lopes, que considero um pai, tenho dado visibilidade a casos de escárnio contra pessoas autistas. São diversas as famílias enlutadas, isso entristece de uma forma que mal posso mencionar. São diversos também os comentários direcionados a mim, questionando a minha índole por estar dando visibilidade a casos assim. Eu realmente não me importo, para uma pessoa que sofreu adjetivos dos mais pejorativos possíveis durante toda a vida, estou calejado quanto à rejeição do grande público, assim como também sou grato à aceitação do mesmo.
Mas sabe qual o motivo por trás disso tudo? A grande mídia, aquela que vende matérias, te esconde tudo isso. Somente publicam casos que explodem, no desespero avassalador de garantir uma matéria. Caso não tenha visibilidade, eles omitem, não são capazes de dar conforto a uma família enlutada. São tendenciosos e partidários, não estão se importando com os seus sentimentos, mas sim com o seu like e sua visualização. Eu vou em contrapartida disso tudo. Eu não sou a grande mídia, eu não sou jornalista. Eu sou apenas um autista graduando psicologia e fazendo ativismo em prol da causa.
Através da visibilidade massiva que dei a casos como esses, famílias foram confortadas, famílias foram ajudadas financeiramente, famílias puderam ter a imagem de seus filhos em memorial, para que suas lembranças nunca fossem esquecidas e permanecessem vivas no coração de todos aqueles que se compadecem com a dor.
Portanto, é muito fácil criar sobre mim a imagem de um inimigo, quando na verdade eu sou o preterido por aqueles que estão cansados de impunidade, indignados com tanta crueldade e com o senso de justiça aguçado. Eu posso até ser um inimigo, mas depende da ótica que você visualiza. Sou um inimigo da grande mídia ou do povo? Eis a questão. Vou mais além: é melhor ser agraciado pela mídia ou pelo povo? A grande massa é a locomotiva de todo um país que tanto sofre com retrocessos, todos os dias. Então, é fácil julgar quando não se há capacidade para dar a própria cara a tapa e ir à luta. O difícil é ir até uma família enlutada, utilizar a sua visibilidade e prestar condolências dignas a essas pessoas. Estou reparando erros que a grande mídia cometeu e que a comunidade do autismo se omitiu. Eu posso até sofrer pancadas, mas eu continuo de pé.
A comunidade do autismo necessita de um equilíbrio para se sustentar. Um ativismo feito por “heróis” e “vilões”. Eu prefiro estar do lado certo da história!