20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Democracia, inclusão e autismo

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Dentre todas as batalhas travadas pelas pessoas com deficiência, certamente a luta política é a mais árdua, porém, assinala com maior rapidez um cenário de transformações.  Assim, a democracia representativa pode ser analisada sobre um duplo viés: o direito de votar e de ser votado.

Sobre o direito de votar, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulga que, em 2024, mais de 1,45 milhão de eleitores e eleitores com deficiência poderão votar nas eleições municipais a serem realizadas domingo agora. Desde 2012, esse é o maior número registrado para este segmento do eleitorado brasileiro.

Quanto ao direito de ser votado, o TSE aponta que 4.970 candidatos com deficiência irão concorrer à disputa eleitoral em todo o Brasil, distribuídos entre candidatos que declararam deficiência física (2.729), com deficiência visual (1.272) deficiência auditiva (432), autistas (133) e outros 404 candidatos que declararam outras condições.

No quadro político, e nessa conexão com o tema da inclusão, a questão do autismo se destaca como pauta principal em diversas candidaturas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil pode ter mais de dois milhões de pessoas com autismo. Se considerarmos este último dado e que, de modo geral, o autismo tem repercussão não somente sobre a pessoa com autismo, mas em relação à sua família na totalidade, podemos considerar uma média de 6 milhões de vidas diretamente envolvidas.

É um contingente significativo de eleitores, grande parte sedenta por direitos legalmente garantidos, mas pouco efetivados. No campo da educação, por exemplo, a maior demanda diz respeito à busca por vagas em escolas efetivamente inclusivas, o que significa uma escola com professores com um olhar capacitado para elaborar um planejamento educacional individualizado -PEI que contemple necessidades, habilidades e potencialidades, acrescido da capacidade de adaptar razoavelmente materiais e avaliações sempre que necessário.

Tripé essencial

Quanto à saúde, podemos destacar como um tripé essencial o diagnóstico precoce, as intervenções pautadas em atendimento humanizado e a garantia de um plano terapêutico singular que identifique potencialidades, talentos, habilidades e aptidões que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com autismo.

Por fim, na área de assistência social, a revisão quanto aos valores do Benefício de Prestação Continuada e um programa de assistência voltado aos cuidados com os cuidadores são pautas de destaque para toda a comunidade autista.

Os resultados de uma participação democrática e sua repercussão em garantir mais acessibilidade e inclusão depende de uma visão política que possibilite aos eleitores valorizar candidatos efetivamente comprometidos com o tema e tecnicamente capazes de fazer a diferença nas cadeiras do Legislativo e do Executivo. Conhecer os candidatos e suas propostas são requisitos essenciais de quem tem no seu dia a dia as ferramentas da vivência para rapidamente reconhecer quem poderá fazer a diferença se eleito.  A hora é agora!

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