Como mãe também de uma adolescente autista, é com muita tristeza que li a notícia da morte de uma menina de 15 anos, a Ana, na sexta-feira passada.
Solidarizo-me imensamente com a família dessa adolescente, autista, que teve sua vida interrompida por um desastre, um incêndio em sua humilde casa na comunidade da cidade de São Vicente (SP).
O que me faz refletir profundamente sobre a situação de tamanha vulnerabilidade em que famílias autistas se encontram no Brasil.
Sabe o que Ana fez quando se viu em meio ao fogo?
“Pegou o seu cachorrinho no colo e se trancou no Banheiro”. Aos 15 anos, ela pesava 150 quilos.
E algumas perguntas não me saem da cabeça:
➡ Qual acompanhamento de saúde integral a que ela tinha acesso?
➡ Na semana em que tanto falamos sobre moradia assistida, Ana nem moradia digna tinha, um direito assegurado pela LBI, mas só no papel.
➡ Qual compreensão Ana tinha do perigo? Qual acesso ela teve a intervenção ou a treinos que lhe garantissem aprendizagem?
No fundo, eu e você, que me lê, sabemos as respostas! Sabe quando eu vou desistir de trabalhar para garantir dignidade aos meus e aos seus filhos com autismo ou deficiências severas? Só no dia em que eu parar de respirar. Nem sempre a luta é digna, e muitas vezes ela é solitária. Ainda assim, se pudermos salvar a vida de um único autista, toda a luta será válida.
Um desabafo que geralmente não faço aqui nessa página, mas hoje é a forma que encontrei de dividir essa realidade triste, que levou mais uma ANA embora!
Sinto muitíssimo por sua mãe, sua irmã e toda a família que perdeu o seu AMOR.