Volta e meia me deparo com comentários do tipo: “Pronto, tudo agora é autismo… Só para conseguir benefícios”.
Eu não diria que virou moda, diria que é uma sentença, não por conta do autismo propriamente dito, que traz prejuízos significativos, sim, e em muitas ocasiões deteriora a nossa qualidade de vida.
Eu acho, sim, que devemos discutir a onda crescente de diagnósticos, mas de forma salutar e pragmática, sem escandalizar o debate. Mas muitos autistas escutam seus diagnósticos sendo invalidados, muitas mães atípicas são chamadas de “loucas e histéricas” por notar atrasos nos marcos do desenvolvimento de suas crianças e iniciar as devidas intervenções… Por que isso? A sociedade se acostumou a criticar o que desconhece. Certa vez, eu vi um rapaz com o mínimo de conhecimento de causa dizendo que “na época dele se resolvia na palmatória”.
Falta de políticas públicas? Falta de rede de apoio a mães atípicas? Ser miserável para TENTAR o BPC? Ter um “alvo” na cabeça quando tentar arrumar emprego? Lutar até mesmo contra pessoas que dizem defender os autistas para garantir terapias através dos planos de saúde? Isso não é moda, é uma batalha incessante, é uma sentença.
O que muitas pessoas precisam saber é que uma a cada 36 crianças de até 8 anos são autistas, os diagnósticos realmente aumentaram. Comparar com anos passados para invalidar a dor de muitas pessoas é uma falsa equivalência gigantesca. Há alguns anos, não se sabia nem que o autismo é um espectro, era chamado de transtorno autista e muitas mães se trancavam em casa com seus filhos por medo da sociedade. Hoje, com a evolução da medicina e da ciência, o que antes vocês faziam chacota por ser diferente, por fugir dos padrões convencionais da sociedade e possuir prejuízos significativos, ganhou um nome. Essas mães atípicas, essas pessoas autistas… Nós estamos buscando qualidade de vida, eu sou autista e o que faço nas redes é conscientizar justamente para que retrocessos não aconteçam!