20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Gente, eu estou muito empolgada com o conteúdo de hoje. Afinal, vamos falar sobre Barbie, autismo e apego a objetos. Então, eu até tirei uma foto que já deve ser do meu teenage dream. Ou seja, do meu sonho de adolescente também. Afinal, eu estava com duas bonecas barbies. Na verdade, uma delas não é exatamente uma Barbie. Mas eu adoro mesmo assim.

Enfim, por que eu estou com essas bonecas? E o que isso tem a ver com o mundo do autismo? Bem, eu acho que as barbies, por uma coincidência mística do destino, batem muito com o tema de hoje. Ou seja, o apego a objetos. Isso porque, quando a gente é autista, existem alguns sinais que são os primeiros a serem observados naquela criança. E geralmente é um menino, por uma questão de subnotificação, além de pouco conhecimento e estudo histórico, sobre o autismo na mulher.

Então, a gente começa a notar alguns sinais. Por exemplo, há os hiperfocos, que são interesses com muita fixação por algum assunto; Também pode haver uma seletividade alimentar, ou rituais muito próprios. Portanto, há rotinas em que se algo sai fora do planejado, aquela criança já tem uma crise fora do comum. Além disso, atrasos na fala, embora não sejam exatamente um critério diagnóstico, assim como a seletividade alimentar, costumam entrar nesse debate de assuntos que chamam a atenção para uma criança autista. Também, um deles é o apego a objetos.

Nesse sentido, eu fico até emocionada. Afinal, eu amo a Barbie, amo bonecas, amo esse lado que permite a gente redescobrir as potencialidades da nossa feminilidade. Isso porque, lá atrás, a Barbie era um ideal de beleza que ninguém nunca vai alcançar, ou vai alcançar hoje, com toda a tecnologia de hoje, com todas as cirurgias plásticas que a gente tem disponíveis. Porém, nesse caso, não vai ser natural, vai ser algo mais artificial. O que está tudo bem, porque se a pessoa se sente bem assim, se faz bem para ela, quem sou eu para comentar ou julgar? Inclusive, um dos meus sonhos ou fantasias era de ter uma aparência mais próxima à de uma boneca de que de uma pessoa real.

Fixação com bonecas

Então, eu tive um apego a objetos quando criança, principalmente em relação às minhas bonecas. Inclusive, tinha uma boneca da Cuca do Sítio do Pica-pau Amarelo, além das minhas Barbies. Eu gostava dos vestidos delas, que eram muito bonitos. Também, tinha uma perna de uma Suzy, que era uma boneca correlata à Barbie, mas com outro perfil. Aliás, meu pai até escreveu uma crônica sobre isso no livro Crônicas do Fim do Tempo (2004), que eu e Selma Sueli Silva citamos no nosso último livro, o Autismo(s): Diversos Diálogos, Meios e Mediações (2023), da Juruá Editora.

É que nesse livro a gente conta essa parte da minha infância. Então, falamos desse apego que eu tinha com a perna da boneca, literalmente uma perna. Isso porque a boneca se desfez em algum momento. Daí, eu ficava com a perna e ainda a ressignificava. Ou seja, ela virava uma varinha mágica e podia se tornar o que eu quisesse.

Eu acho isso maravilhoso, porque inclusive estimulou a minha imaginação, a minha criatividade de um jeito lúdico, que é algo que a gente muitas vezes pensa que autistas não têm. Mas, a gente pode ter e, também, desenvolver.

Assim, o que eu queria dizer sobre o apego ao objeto é que na verdade, como a gente muito discute no autismo, isso não é algo que traz disfuncionalidade. Dessa forma, não é algo que prejudique a pessoa, não é algo que prejudique o dia a dia, e sim algo peculiar, uma curiosidade, uma excentricidade. Então, se é assim, não vamos remover essas coisas que nos fazem bem.

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