É curioso entender como esse mundo funciona, talvez a minha percepção sobre ele seja de fato muito diferente, mas em um dia você está criticando situações de escárnio, outrora está tecendo elogios. Utilizei uma metáfora no título para falar sobre uma situação que me deixou muito feliz em meio ao caos da minha rotina nos últimos dias.
Eu passei por períodos difíceis nas últimas semanas, portanto minha contribuição por aqui tem sido escassa, mas há uma pessoa que me deu suporte e apoio nos momentos mais necessários, essa pessoa chama-se Layne Bregantini, uma mulher autista, que, assim como tantas outras pessoas com a nossa condição, possui sonhos e ambições.
De diversos fatores que aproximaram eu e Layne, um deles foi o amor que ela tem por Medicina, amor este que eu também tinha, estava adormecido em mim e ela despertou. A minha amizade com ela é algo nitidamente atípico, nós entendemos nossos déficits de comunicação, portanto entendemos que dialogar é crucial para o andamento da amizade.
Por vezes precisamos nos ausentar e avisamos para não preocupar um ao outro. E nas ausências de Layne, ela sempre me manda foto de um caderno de estudos, do qual ela faz um curso pré-vestibular para Medicina. Esse curso está localizado em Curitiba – PR, e a forma como ela me falava do local e o entusiasmo do qual ela era tratada por seus tutores me atiçaram a curiosidade a tal ponto que fui analisar o curso. Posso garantir: é surreal. Eu utilizei a metáfora “estou sendo dominado”, pois o local chama-se Curso Domínio.
Realmente, é dominador e de se deixar ser dominado. A Layne conta com uma equipe de tutores inclusivos, que atendem suas demandas sensoriais, seu tempo e acreditam estritamente no seu potencial. É incrível ver o quanto ela evoluiu e o quão feliz ela está por ser incluída.
Força para continuar
Isso não é uma propaganda, pois moro longe do curso, mas eu gostaria de parabenizar o curso domínio, pois em um mundo onde nós, autistas, somos hostilizados, onde mães e pais choram pela falta de matrículas às suas crianças, um mundo excludente, ainda há um resquício de esperança como o curso domínio e tantos outros lugares.
A Layne me deu forças para continuar, e eu estou de volta, leitores do Coletivamente, contem com minha ausência, mas, também, com a minha lealdade, estou de volta com muito afinco e conteúdo. Estou sendo dominado pela vontade de escrever e repassar a boa informação. Ah… Por mais locais inclusivos nesse mundo!