Muitos pais e muitas mães de autistas me procuram perguntando sobre a minha vida amorosa. “Wallace de Lira, você já namorou?”. Eu compreendo tais perguntas, eu sou autista e tenho um público inflamado de quase 100 mil pessoas que querem saber sobre a minha vida, então não interpreto como uma abordagem invasiva.
A vida amorosa do Wallace de Lira… Bom, posso dizer que tive experiências curiosas, conflitantes e até mesmo as que serviram de aprendizado. Meu último relacionamento foi terminado de forma pacifica e ordeira, sendo este o que mais pude aprender que um relacionamento pode destruir uma amizade promissora.
O penúltimo, o qual considero ser o meu primeiro relacionamento verdadeiro, foi a experiência mais amarga que tive na vida, houve rusgas desnecessárias e, sendo uma pessoa autista, cheguei ao meu limite emocional, desenvolvendo comorbidades e crises intensas das quais eu não sabia reconhecer. Era uma época da minha vida onde eu estava fluindo de forma certeira, decidi arriscar-me em uma paixão equivocada e sem entender o que era amar de verdade. O resultado disso tudo, ao meu ver, foi uma decepcionante experiência de vida.
Nunca falei publicamente dessa maneira, mas não quero que outros autistas passem pelo mesmo. Não me considero um ser humano santo, pelo contrário, sou errôneo e pecador. Dedico a minha vida à ciência e aos estudos sobre a condição na qual eu nasci. Também não guardo rancor da garota que estava ao meu lado, desejo que ela encontre o melhor em sua vida. Assim como também desejo que eu me encontre algum dia. Por esse motivo, não vou expor nomes, não incito hate a alguém que tem sua vida pela frente e não cometeu crime algum.
Este relacionamento durou três anos, mas o último, que durou exatos 2/3 meses, foi mais sincero e verdadeiro. Se me perguntarem: “Você fechou as portas para o amor?” Eu diria que o amor é um sentimento complexo, mas que se vive naturalmente. Então, não posso fechar as portas para o futuro.
Há autistas que preferem não se relacionar e está tudo bem, cada ser humano tem a sua singularidade. Há autistas que preferem se relacionar, está tudo bem, também. A minha dica é essa: não há como prever o futuro. D
Definitivamente, eu não sou um cara bom para conselhos amorosos.