20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Ainda existe uma percepção equivocada sobre o autismo nível 1 de suporte. Muitas pessoas acreditam que esse nível seja “mais fácil” ou “mais leve”, já que, em geral, a criança ou o adolescente possui linguagem desenvolvida e certa autonomia no cotidiano. No entanto, para as famílias, a realidade costuma ser bem diferente.

No nosso caso, meu filho enfrenta desafios importantes que não aparecem à primeira vista. Um deles é a socialização. Mesmo querendo interagir, ele encontra dificuldade para iniciar conversas, compreender nuances sociais e manter vínculos. Isso faz com que, muitas vezes, seja visto como “tímido” ou “fechado”, quando na verdade está lidando com barreiras que exigem esforço constante.

Até mesmo um simples cumprimento a alguém que ele não conhece, ou com quem tem um vínculo ocasional, se torna desafiador. Em alguns momentos, isso pode ser interpretado como “falta de educação”, quando, na verdade, é apenas parte das dificuldades que ele enfrenta.

Outro ponto é a regulação emocional. O autismo nível 1 de suporte inclui dificuldades significativas no manejo das próprias emoções. Pequenas mudanças na rotina, contrariedades ou situações inesperadas podem gerar comportamentos intensos, que não são simples “birras”, mas respostas genuínas à sobrecarga sensorial e emocional.

Esses aspectos — socialização e regulação emocional — fazem parte do diagnóstico e impactam diretamente a nossa rotina familiar. Particularmente, eu diria que são bastante desafiadores, ainda mais porque essas características se somam a outras comorbidades que acompanham o autismo. Na maioria das vezes, por serem menos visíveis que outros sinais do espectro, acabam sendo subestimados por quem olha de fora.

É importante reforçar que o autismo nível 1 de suporte não deve ser associado à ideia de facilidade. Ele envolve desafios específicos que exigem acompanhamento, compreensão e estratégias adequadas. Reconhecer isso ajuda a promover um olhar mais realista, menos julgador e mais acolhedor em relação às pessoas autistas e às suas famílias.

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Autismo na vida adulta, seus desafios e suas potencialidades. Falo mais sobre tudo isso no vídeo que segue.

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