Não preciso fazer rodeios, me chamo Wallace de Lira, sou autista, estudante de psicologia, escritor, palestrante, diretor do Autistas Alvinegros e colunista aqui do Coletivamente. Esses dias andei refletindo sobre o ativismo autista e a minha própria relevância dentro do nicho. Tem se tornado surreal o carinho das pessoas. Eu sempre senti vergonha de mim, sempre achei que não fosse capaz de nada, mas eu ouvi uma frase muito importante:
“Wallace, quem realmente gosta de você, não precisa ter vergonha de gostar de você”.
E pois bem, hoje eu estou chegando a 100 mil seguidores, 100 mil pessoas que não têm vergonha de gostar de mim. É claro que eu vejo relevância, apesar de não ter a dimensão exata do que eu significo para o ativismo autista. Mas se tem algo que eu aprendi também recentemente é que a vida nunca foi sobre você vencer. Mas sim o quanto você aguenta apanhar para conquistar os seus objetivos. Eu apanhei muito durante a vida, eu sofri com a rejeição, e francamente? Eu continuo sofrendo. Mas sempre que eu apanho, eu continuo de pé. As situações que passei na comunidade do autismo foram semelhantes ao terceiro ano do Ensino Médio, quando eu sofri um bullying intenso.
Eu era pequeno no Instagram, tinha pouco mais de 200 seguidores e tentei conversar com tantas pessoas as quais eu admirava profundamente, mas somente uma me estendeu as mãos… Pode-se dizer que a inspiração do Wallace de Lira como ativista, chama-se Willian Chimura. Este foi o cara que me viu como ser humano, independentemente de erros e acertos, somente me estendeu a mão e apostou na minha figura.
Não posso dizer que estou completamente feliz com o meu ativismo, quero ajudar mais pessoas, quero inspirar mais crianças e ajudar mais adultos autistas a se encontrarem. Mas olhando dois anos atrás, eu posso dizer que de certa forma estou construindo a minha história e deixando meu legado. Eu acredito que o propósito de cada ser humano de boa índole deveria ser ajudar o próximo. É isso que tenho buscado, sem pestanejar ou ao menos me importar com críticas destrutivas. E olha… Já tentaram me destruir de todas as formas possíveis!
De qualquer forma, se me perguntassem: Wallace, você está feliz com o seu próprio ativismo?
Eu responderia: não com o meu ativismo em si, porque isso é apenas uma peça do quebra-cabeça que junto a tantos outros autistas estou montando. Mas com o meu público e as pessoas que em mim confiam, eu estou feliz. Porque não sou eu quem as ajudo, são elas que me ajudam com tamanha gratidão e carinho!
Os fiéis seguidores do perfil Wallace de Lira são a peça importante para que possamos juntos construir um futuro próspero e mais inclusivo para autistas e famílias atípicas.