Acaba de ser divulgada pelo governo dos Estados Unidos a nova pesquisa do CDC Foundation (Center of Disease Control), que mostra um aumento no número de pessoas com autismo. Como no Brasil não há nenhum instituto que rastreie o diagnóstico de autismo, os dados do CDC vêm sendo utilizados como parâmetros.
Nos 16 estados americanos nos quais a pesquisa foi realizada, subiu para 1 em cada 31 o número de autistas. Na pesquisa anterior, era um autista para cada 36 crianças.

Esse aumento causou alarde nas redes sociais, após o governo americano alertar sobre uma “epidemia de Autismo”. Pai de dois jovens autistas, mestre em educação inclusiva e presidente da Comissão da Câmara Municipal do Rio que acompanha as políticas públicas voltadas aos autistas, descarto com veemência a possibilidade de haver uma “epidemia de autismo”.

Existem diversos fatores por trás desse aumento. Além dos avanços tecnológicos e científicos que facilitam o acesso à informação. A partir do novo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais houve a ampliação dos diagnósticos. A síndrome de Asperger, por exemplo, agora é reconhecida como autismo de nível 1. Também impactou neste resultado o acesso aos programas de saúde de grupos historicamente subdiagnosticados, como negros e hispânicos.

Destrinchei com cuidado e atenção todo o trabalho feito pelo CDC. As meninas, por exemplo, que durante muitos anos foram excluídas do diagnóstico de autismo, agora também são diagnosticadas, contribuindo com aumento do número de casos. Os profissionais estão mais preparados para diagnosticar precocemente e os pais mais atentos aos sinais. O autismo sempre existiu, o próprio CDC considera que o aumento de casos acontece pelo acesso ao diagnóstico correto.

Lembro, ainda, que autistas de nível 2 e 3 eram diagnosticados como esquizofrênicos. E autistas nível 1 não tinham nenhum diagnóstico. Eram apenas considerados socialmente esquisitos.