20/06 | 2 anos de Coletivamente

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“Sharon Osbourne veio até mim”

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“No dia 6 de agosto de 2025, Sharon Osbourne curtiu a publicação de Wallace de Lira. Após uma semana sem aparecer nas redes, a viúva do pai do heavy metal demonstrou estar agradecida pelas palavras do ativista autista”

Se houvesse uma matéria sobre esse “evento histórico”, eu gostaria que fosse noticiada dessa maneira pelos veículos de imprensa. Eu gostaria de ser lembrado pelo ativista que fez história na causa autista, mas também pelo garoto que saiu de Diadema e foi apresentado para o mundo. Esse é o Wallace de Lira, sem a persona do ativista, puro suco de humanidade.

Sim, amigos. Após uma semana sem aparecer nas redes, a princesa das trevas voltou para honrar o legado de Ozzy. Dentre suas ações, fui contemplado com sua curtida. Um pequeno gesto de gratidão da parte dela, uma epifania de amor e felicidade da minha parte. Internacionalmente apresentado à esposa do maior cantor de heavy metal de todos os tempos. Um ativista autista brasileiro de apenas 26 anos. Seu nome? Wallace de Lira. O garoto que carrega o sobrenome da família nas costas com muito orgulho, mas que aprendeu a valorizar cada gesto de amor e respeito.

Mas o que isso tem a ver com autismo?

Meu texto sobre a gratidão que tenho ao príncipe das trevas ganhou enormes proporções aqui no Coletivamente. E eu sou muito grato ao portal pela oportunidade de ser colunista, certamente tiveram parte no que eu considero, sim, uma grande conquista emocional.

Ozzy Osbourne foi para mim a voz que me salvou do bullying no ensino médio. Black Sabbath se tornou um pilar, sendo meus velhos amigos na infância. Eu me sentia diferente, estranho e sofria escárnio por isso, Ozzy me salvou sem mesmo saber. Eu o amo profundamente por isso.

Ozzy me ensinou que não há problema algum em ser diferente, mas sim em não aceitar que o mundo possui pessoas diferentes. Ozzy falava sobre garotos chateados, assim como ele, que tinha dislexia e era chamado de burro. Ele falava sobre como a dor da exclusão o moldou a ter mais humanidade. Ozzy foi simplesmente o ser humano mais diferenciado que tive a oportunidade de ver nos palcos, no mundo. E mesmo após sua morte, minha gratidão a ele foi reconhecida mundialmente. Mas não pelas mãos de políticos ou por notícias sensacionalistas, foi reconhecida por Sharon Osbourne, a mulher da vida de Ozzy e a pessoa que ele mais amava. Eu queria que ela soubesse que aqui há um ativista apaixonado pela família Osbourne, alguém que a ama e continuará amando Ozzy eternamente. Eu sou autista, sou diferente, como Ozzy dizia, e não há problema algum nisso.

Ozzy dizia que enquanto houver garotos chateados, o heavy metal continuará existindo. Eu quero ser para sempre um “garoto chateado”, pois o heavy metal nunca deixará de existir.

A curtida de Sharon foi uma conquista emocional pra mim. A história está feita, eu estou feliz. Certamente é a porra de um dos momentos mais felizes da minha vida, e me desculpem o palavreado, mas estou emocionado. Sharon, obrigado. Você nunca estará sozinha.

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