20/06 | 2 anos de Coletivamente

Compartilhe

A fantástica história de superação de uma mãe supercampeã

Compartilhe

Aos 11 meses de vida, fui infectada pelo vírus da poliomielite. Além da infecção, sofri um trauma que me deixou bem debilitada do umbigo para baixo. Minha locomoção dava-se com auxílio de muletas e órteses.

Aos 18 anos, iniciei a minha carreira no esporte através da natação. Fui campeã mundial, brasileira, vice-campeã panamericana.

Fui mãe aos 21 anos de uma menina que se chama Nickolle.  Hoje, ela tem 22 anos, já  é mãe e, eu, avó. Aos 28, eu casei pela segunda vez. Três anos depois, fui mãe pela segunda vez, de um menino, o Carlos Henrique. Aos 32, depois de várias crises de fadiga, infecções urinárias e uma internação, recebi o diagnóstico de síndrome pós-polio. 

Devido ao déficit cognitivo, tive que ser afastada do trabalho laboral e fui aposentada por invalidez. Hoje, minha locomoção se dá por cadeira de rodas.

Morando no Rio de Janeiro, aos 35 anos, descobri que estava grávida do meu terceiro filho, o Benício. Quando ele tinha cerca de 1 ano, percebi no Benício possíveis sinais que ele poderia ser autista: desinteresse por brinquedos, resistência em brincar com outras crianças, regressão da fala. 

Benício e Drica

Sai a natação, entra a canoagem

Comecei a migrar da natação para a paracanoagem, pois meu rendimento na natação havia caído muito.

Em 2016, já competindo na paracanoagem, resolvi buscar o diagnóstico do Benício,  pois tinha suspeita de que ele estava dentro do espectro.  O diagnóstico veio. As pessoas passaram a me dizer que eu teria que abrir mão da minha profissão de atleta, pois uma criança com autismo teria que ter dedicação em tempo Integral.

Passei a levar o Benício aos treinos. Carregava marmitas, remédio, lanche e todo o tipo de entretenimento possível para ele. Houve dias exaustivos. Momentos de muita irritabilidade por parte dele, mas com a ajuda do meu marido não desisti. Resolvi que iria continuar, e o Benício iria comigo. Nos mudamos para Curitiba em 2019, em busca de melhores condições de vida e, claro, acompanhamento para o Benício.

Comecei a treinar com mais entusiasmo na canoagem para realizar um sonho: disputar minha primeira Paralimpíada. Transformei esse sonho em meta. Treinos, cuidado com o Benício, cuidados com a casa. Uma rotina difícil, mas não  impossível. Dependia de mim fazer acontecer.

Paralimpíada de Tóquio

Em 2021, aos 43 anos, chegando à menopausa, esposa, dona de casa, mãe do Carlos Henrique, de 12 anos, e do Benício, de 7, autista, representei o Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio 2020.

E sinto um orgulho danado em buscar um novo olhar para as mães envolvidas com o espectro. Em desmistificar um pouco esse estigma que mãe de autista deixa de viver. Ao contrário… Temos muita vida, porque nossos filhos vão seguir com a gente. É claro que não  há romantismo, e precisamos, sim, de uma rede de apoio. Precisamos que as políticas públicas ofereçam acompanhamento, terapias, atendimento médico adequado, para que nossas crianças possam evoluir e terem mais autonomia possível, dentro de suas limitações. 

É isso que espero! É isso que quero buscar! Estamos juntos!

Diagnóstico não é  Destino.

Veja também...

Outro dia, no consultório, uma criança estava sem ideias do que fazer e dizia que todas as suas ideias eram ruins. Eu …

Parece brincadeira, mas eu escuto isso com muita frequência. Pessoas que ainda acreditam que a capacitação no TEA não faz a menor …

Para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA), o critério A (que diz respeito a prejuízos sociais) e o critério B …

plugins premium WordPress