20/06 | 2 anos de Coletivamente

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É com muita alegria que aviso a vocês que estou lançando meu mais novo livro, ‘Nem Tudo é o que Parece’, uma narrativa fictícia, que já inscrevemos no Prêmio Kindle 2023, e que está sendo um ótimo incentivo para trabalharmos em nossas obras de ficção. Aliás, temos mais dois romances no forno. E o ‘Nem Tudo é o que Parece’ pode ser adquirido neste link: https://lnkd.in/e6gZbbKw

Abaixo, a minha entrevista ao repórter Gustavo Loio, do Coletivamente, sobre o Mundo Autista e o meu novo livro:

Como surgiu a ideia de lançar o ‘Nem Tudo é o que Parece’?
Quando vi a sinopse que minha mãe, Selma Sueli Silva, desenvolveu com base nas anotações dela em terapia, pensei: temos que transformar isso em um livro. Isso porque sempre achei que as melhores obras de terror são ao mesmo tempo divertidas e metafóricas em relação aos medos reais que afligem as pessoas. Então, pensamos que este é o melhor caminho para abordarmos o lado obscuro da relação entre mães e filhos. Mesmo porque temos algumas reflexões engasgadas sobre maternidade atípica que queríamos trazer à tona de maneira leve e contundente. Assim, o livro pretende divertir e emocionar, mas, também, tocar no tabu dos tabus sobre mães e filhos. Esse é o poder da arte, afinal.

Qual a maior lição que o livro traz?
É difícil falar sem dar spoiler, mas vou tentar. Nem Tudo é o que Parece segue Antonella, uma mulher metódica e, por isso, planejou cada década da própria vida com objetivos e propósitos diferentes. Então, depois de realizar o sonho de se casar e ser mãe, tudo se complica para a mulher. Isso porque o pequeno Ben, embora seja adorável e doce no trato com as pessoas, manifesta comportamentos agressivos e até manipuladores quando percebe as vulnerabilidades de Antonella. Assim, a intenção de ‘Nem Tudo é o que Parece’ é evidenciar, sem julgamentos e censuras, a complexidade das relações entre mães e filhos atípicos. Além disso, a obra promete mostrar como esse relacionamento pode trazer nuances que muitas vezes são deixadas de lado na observação das pessoas. Porém, elas podem modificar todo o comportamento e comunicação de alguém. E, a meu ver, o terror psicológico da obra está nas personagens masculinas que passam pela vida de Antonella sempre com uma sugestão de violência e nos modos como esta parece se materializar nas interações com o filho Ben. Aliás, a própria noção de maternidade pareceu um prato cheio tanto para evidenciar medos quanto possibilidades de esperança.

O Mundo Autista é uma das maiores referências desse universo no país. Quais os principais desafios desse lindo trabalho e as maiores recompensas que o Mundo Autista tem trazido a você e à sua família?

A gente recebe dezenas de relatos diariamente sobre como fizemos a diferença efetiva na vida de pessoas muito diferentes, seja na possibilidade de repensar práticas de cuidado familiar ou terapêutico ou, principalmente, autistas adultos que tiveram diagnóstico e acolhimento pós-laudo assistindo ao canal, muitos em uma época que o conteúdo sobre autismo em adultos era extremamente escasso. Então, acho que não há benefício melhor para um trabalho do que esse. Afinal, sempre quis convidar as pessoas a refletirem e nunca refletir por elas. Já o maior desafio, a meu ver, está em monetizar os conteúdos, o que agregaria e facilitaria muito a nossa produção.

Quais dicas você considera fundamentais a quem, independentemente da idade, recebeu, recentemente, o diagnóstico de autismo?

Tenha autocompaixão com você e tente não hiperfocar só nisso. Mas, consuma conteúdos que visem ao autoconhecimento e à compreensão da condição. Então, acho que o mais importante talvez seja entender como os critérios diagnósticos se aplicam na sua própria vida, em vez de interpretá-los muito ao pé da letra, como sentenças estanques. E a partir da percepção mais consciente sobre as próprias atitudes e reações, busque ajuda médica e terapêutica para maior qualidade de vida.

Para um harmônico convívio, o que não pode faltar na família do(a) autista?

Acho que prezar o outro. Isso quer dizer que o respeito, o diálogo e a empatia não devem ser superficiais. Deve haver um esforço além do que usualmente temos para nos colocar do outro e lhe proporcionar autonomia. Afinal, não adianta julgar autistas por um padrão de funcionamento que é mais adequado às pessoas típicas.

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