O neuropediatra Paulo Liberalesso escreveu o interessante texto abaixo nas duas redes sociais. Achamos que vale uma profunda reflexão acerca do tema.
“Dados publicados há mais de um década já apontavam que o custo global estimado do autismo já ultrapassa US$ 1 trilhão por ano (esse número inclui custos diretos com tratamento, educação e apoio, bem como perdas de produtividade e carga familiar). E, projeções econômicas sérias, indicam que, sem ações eficazes, esses custos podem atingir US$ 4 trilhões até 2030.
Nos Estados Unidos, cada família de uma criança autista gasta, em média, entre 60 mil e 80 mil dólares por ano com terapias, consultas, transporte e educação.
Já em países com BEM MENOS SUPORTE DO ESTADO, como o Brasil, os gastos recaem quase inteiramente sobre os PAIS, gerando endividamentos, abandono de empregos e sofrimento psíquico.
A falta de regulação eficaz contribui para que práticas ineficazes ou exploratórias se disseminem, agravando o impacto econômico e social. NESSE CONTEXTO TEMOS AFIRMADO SOBRE A NECESSIDADE DA REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE ANALISTA DO COMPORTAMENTO NO BRASIL.
A conversão do autismo em commodity traz sérias implicações econômicas e sociais:
1) Diagnósticos inflacionados: crianças e adultos com dificuldades comuns ou quadros mal compreendidos recebem laudos de TEA.
2) Desigualdade de acesso: enquanto famílias com recursos têm acesso múltiplas intervenções (em quantidade e qualidade adequadas), a maioria das crianças autistas no Brasil permanece sem nenhum atendimento.
3) Esgotamento das famílias: pressionadas pelo “marketing terapêutico”, muitas famílias se submetem a tratamentos caros e exaustivos e CIENTIFICAMENTE INEFICAZES, acreditando serem obrigatórios para o progresso da criança.
4) Substituição de políticas públicas por serviços privatizados, com terceirização da responsabilidade do ESTADO BRASILEIRO para o setor privado, sem garantias de qualidade.
Por fim… por mais duros que esses temas sejam, nós, enquanto sociedade, precisamos discuti-los URGENTEMENTE!”