O número de diagnósticos de autismo em crianças vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. No entanto, esse aumento não significa necessariamente que mais crianças estejam desenvolvendo o transtorno, mas sim que há uma maior capacidade de identificá-lo.
Para o professor José Vicente Montagud Fogués, da Universidade Internacional de Valência, na Espanha, o aumento das notificações é resultado de um processo positivo.
O especialista afirmou ao El Tiempo, jornal da Colômbia, que houve um aumento nos critérios clínicos, assim como um crescimento na acessibilidade das avaliações. Na visão dele, isso permite que crianças com perfis diversos recebam o diagnóstico mais cedo.
O autismo é considerado uma condição do neurodesenvolvimento e não uma doença. Ele envolve um leque de características relacionadas à comunicação, ao comportamento e à interação social. Compreendê-lo como parte da diversidade humana tem contribuído para uma abordagem mais inclusiva.
“A sociedade precisa compreender e respeitar a diversidade cognitiva. Investir em educação inclusiva e em apoio precoce é essencial para melhorar a qualidade de vida dessas crianças e de suas famílias”, afirmou Montagud.
Um dos fatores para o aumento dos diagnósticos é o aprimoramento na formação de profissionais da saúde, da educação e no apoio às famílias. Hoje, professores e cuidadores estão mais atentos aos sinais, como dificuldades de interação, padrões de comportamento repetitivos e atrasos na fala, por exemplo. Esse movimento também se reflete na educação básica.
De acordo com o Censo Escolar 2024, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o número de matrículas de estudantes com transtorno do espectro autista (TEA) cresceu 44,4% entre 2023 e 2024, saltando de 636.202 para 918.877.
O Ministério da Educação (MEC) atribui esse avanço ao fortalecimento da Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da inclusão, que inclui a implementação de salas de recursos multifuncionais em escolas públicas.
A meta do MEC é garantir que, até 2026, todas as escolas contem com esse tipo de estrutura de apoio. Entre 2020 e 2024, o número total de matrículas na educação especial cresceu 58,7%, atingindo 2,1 milhões de estudantes. Apenas entre os alunos com idades entre 4 e 17 anos, o percentual de inclusão em classes comuns passou de 93,2% para 95,7% no mesmo período.
FONTE: https://www.infomoney.com.br/saude/diagnosticos-de-autismo-crescem-com-avanco-na-deteccao-e-inclusao-nas-escolas/