20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Meu severo orgulho autista

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Primeiro preciso dizer que não, não odeio o autismo! Muito pelo contrário: eu amo o autismo com todas as minhas forças! Ele me trouxe o melhor filho autista que eu poderia ter. Com esse filho lindo e perfeito dentro do seu autismo, eu me transformei, porque mesmo sendo clichê: “é o atrito do vento que faz o trigo crescer”.

O autismo me trouxe uma capacidade de superação infinita, trouxe uma força que eu desconhecia, trouxe uma capacidade de amar inesgotável. O autismo despertou em mim empatia, solidariedade e uma vontade enorme de
ser bálsamo na vida dos outros. O autismo me trouxe a magia de enxergar em cada pessoa autista um filho meu, um amigo, e um ser em evolução.

O autismo resgatou em mim tantos sentimentos, tantas vontades, tantos dons… Trouxe a capacidade de ouvir, de buscar entender, e de dar voz.

O autismo me tornou mãe, me tornou professora, me tornou irmã de tantas caminhadas e amiga de todas as horas.

O autismo me capacitou a viver tantos papéis: mãe, enfermeira, professora, cuidadora, mediadora, cabeleireira, palhaça, dançarina, provedora, terapeuta, anjo da guarda…

O autismo me incutiu um novo olhar, me tornou capaz de enxergar a presença de Deus em cada sorriso que meu filho dá, e enxergar também que essa é a melhor recompensa que poderia almejar.

O autismo me ajuda a festejar as menores vitórias, me esmerar para ensinar com eficiência nas coisas mais simples, não me abater com as derrotas e me levantar mais forte a cada não da vida.

O autismo me proporcionou conhecer pessoas tão formidáveis em suas diferenças, a ser mais tolerante sem me render, a ter opiniões e mantê-las mesmo quando insistam em desmerecê-las.

O autismo me fez ver que viver não é estar isento de dores, de trabalho, de provações… E sim que viver é ser capaz de usufruir da felicidade apesar de todas essas coisas.

A severidade do autismo de meu filho não o torna menos ou mais autista, não impõe limites, nem me estagna diante os déficits… A severidade do meu filho me impele a criar estratégias, avaliar/reavaliar, a recomeçar sempre que necessário e a enxergar possibilidades infinitas.

Não, eu não daria uma pílula para tirar o autismo do meu filho, muito menos para tirar o autismo do mundo… Que seria tão pobre de vida sem a presença deles. Eu daria uma pílula para mim e para cada pai/mãe, para retirar as traves dos nossos olhos, para termos consciência que ao sermos pessoas e pais melhores, consequentemente estaremos oportunizando que nossos filhos se desenvolvam, que toda a sociedade se desenvolva e seja merecedora de usufruir da presença deles.


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