Queridos leitores, no primeiro artigo desta série sobre a terapia ABA, segunda-feira passada, falamos sobre a quantidades de horas na intervenção e porque a intensidade é importante. E agora é hora de falar a respeito de um outro aspecto fundamental: a qualidade na intervenção.
Acredito que muitos de vocês já tenham ouvido falar que quantidade não quer dizer qualidade e na ABA essa premissa faz bastante sentido. Um plano de desenvolvimento e terapia de 30 horas de intervenção, se não for planejado para as necessidades do aprendiz e se mal aplicado, pode ser menos eficaz do que outro de 15 horas semanais bem organizado, planejado e executado por uma equipe de profissionais competentes e preparados.
Mas então, o que eu preciso observar para saber se estou tendo ou realizando ABA com qualidade?
Primeiro, qualidade em um bom plano interventivo, pois nenhuma criança é atendida sem um bom plano de tratamento, alguns chamam de PIC- Plano Interventivo Comportamental, também tem outras nomenclaturas, mas fato é que este é um documento em que o profissional responsável pelo caso (analista do comportamento) estrutura baseado em:
Resultados da avaliação realizada;
Baseado nas necessidades do sujeito;
Comportamentos -problema presentes;
Preferências e motivações
Com base nestas informações é que o analista comportamental irá decidir o que ensinar e quais metas farão parte do tratamento do aprendiz. Sem um bom plano é como se o profissional caminhasse sem destino, não sabe onde está e para onde irá e consequentemente não conseguirá mensurar os avanços e progressos. E este é o segundo aspecto que deve ser observado.

Qualidade na Coleta de dados – Este processo acontece continuamente e é uma das sete dimensões na ABA. Sem ela não existe registro de que a intervenção está realmente gerando resultados. Nós não trabalhamos baseados em “achismos” e sim de acordo com a análise de DADOS! Somente através desta observação e acompanhamento sistemático, mensuramos o progresso real do paciente, fazemos alterações nas estratégias, quando necessário, estabelecemos novas metas de ensino e garantimos que haja evolução!
Qualidade é ter a criança feliz, relaxada e motivada – Isso é algo que deve ser prioridade quando estamos na intervenção direta com nosso aprendiz, ela não deve ser rígida ou aversiva. Muito pelo contrário, uma boa intervenção valoriza o conceito de HRE- Happy, Relaxed and Engaged- Feliz, relaxada e motivada, proposto por Greg Hanley e a criança tem prazer em brincar, está sempre motivada e se sente segura na presença do terapeuta. Este é um ótimo sinal de que a intervenção está no caminho certo.
Qualidade também está ligada a formação e supervisão – Este é um aspecto de extrema importância, pois como uma pessoa vai trabalhar com ABA se não tiver conhecimento e formações sólidas? O trabalho será catastrófico! E é mais ou menos isso que infelizmente temos acompanhado pelas redes sociais, não é mesmo? Profissionais cada vez menos preparados para atender e ensinar nossas crianças. Então, é preciso que o profissional seja formado em ABA, que tenha conhecimento sobre esta ciência, que conheça o TEA e suas particularidades e que seja também supervisionado por um alguém devidamente qualificado e estas especificidades os pais devem sempre estar atentos quando forem contratar os serviços para seus filhos.
A qualidade da intervenção é o que vai transformar as horas em aprendizado significativo e que gerará mudanças na vida dos nossos aprendizes. Por isso, tão importante quanto a quantidade de horas interventivas é como elas estão sendo realizadas, planejadas e executadas para que promova desenvolvimento e se está fazendo sentido para a vida do aprendiz!
Continue acompanhando os artigos desta série, para aprender mais sobre ABA e autismo.
Até o próximo artigo, abraços inclusivos!
REFERÊNCIAS UTLIZADAS:
HANLEY, G. P. A perspective on today’s ABA. Practical Functional Assessment, 2020. Disponível em: https://practicalfunctionalassessment.com/2021/09/09/a-perspective-on-todays-aba-by-dr-greg-hanley/.
Sella, A. C., & Ribeiro, D. M. (Orgs.). (2018). Análise do comportamento aplicada ao transtorno do espectro autista (1ª ed.). Curitiba: Appris.