Toda vez que uma mãe atípica desistia de viver e a notícia viralizava nas redes, eu pensava: mais uma a receber orações e se destacar por um dia. Depois, nada muda”.
O fato de nada mudar me arrasava. Até quando iríamos ver manchetes de tragédias envolvendo autistas e não fazer nada de concreto para mudar a situação? Não falo de vakinha, de campanhas que ajudam por pouco tempo e depois tudo volta a ser péssimo como antes.
Em 2021, eu idealizei o projeto social SOS – TIME TEA, um direcionamento para tirar mães e pais de autistas em situação vulnerável da invisibilidade; acolhe-los, ensiná-los uma profissão que pudessem fazer de casa, lhes dar apoio psicológico e acesso aos cuidados dos filhos.
Algumas pessoas disseram que não ia dar certo. Que os municípios não estariam dispostos a mudar. Eu nunca desisti de apresentar o projeto aqui e ali, com a determinação de que bastaria um município. E assim foi.
Este ano, após mais uma terrível situação de desespero materno, eu me irritei e falei por aqui na falta de atenção real das pessoas a esse problema horrível. Rezar só não basta. Fazer discurso para engajar, tampouco. Estas famílias querem APOIO. Querem e merecem ter alguma qualidade de vida.
No mesmo dia em que postei, a deputada federal @izaarrudape me ligou, pessoalmente. Sem gastar muitas palavras, foi direto ao assunto – do jeito que eu gosto: Fatima, me passa o projeto. Vou levar ao município de Vitória de Santo Antão.
Foi assim que ontem à noite vi nascer o meu projeto, adaptado e aperfeiçoado pelo município e todas as secretarias da cidade. Todas unidas na parceria intersetorial de serem os primeiros no estado a oferecerem esperança aos responsáveis por pessoas com deficiência.
O novo nome do projeto de minha mentoria é MÃOS QUE ABRAÇAM, ACOLHEM E (RE)EXISTEM.
Espero que seja uma inspiração para muitos outros municípios e estados.
Muita gratidão ao povo de Santo Antão. À prefeitura, à Secretaria de Educação, de Saúde, da Assistência Social, dos Esportes, da Cultura.
Iza, querida, você foi a primeira pessoa.