20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Dez escritores autistas

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O canal Mundo Autista enumerou dez escritores que têm em comum a sensibilidade, a preocupação com a causa autista e também o fato de todos serem… autistas! Veja a relação que segue.

Gustavo Rückert
Para Gustavo Rückert, autista e poeta, a poesia é uma forma de ver o mundo de um jeito novo. Ele combina sua neurodivergência com a experiência de ser míope. Assim, nos convida a enxergar a beleza nos borrões. Com isso, mistura cores e contornos para revelar outras realidades. Segundo ele, é um “estágio inaugural” onde o corpo reage a formas que ainda não reconhece. Assim, pratica o exercício de encontrar a poesia no cotidiano.

Apesar da sensibilidade, sua poesia não perde a crítica a um mundo caótico e avesso às diferenças. Afinal, Gustavo aborda questões urgentes, como a violência contra grupos marginalizados. Isso porque ele acredita que o “olhar estrábico, distorcido, errático” permite ver mais, ver o que está à margem e o que é considerado invisível.

Autor de “Poemas de Plástico” (2015) e “Serão As Rosas Vermelhas no Escuro” (2021), Gustavo está preparando seu terceiro livro, “Diagnóstico Médico Descritivo”. Essa obra busca usar a poesia como uma poderosa ferramenta para combater o capacitismo. E, assim, celebrar a diversidade e a força dos sonhos.

Helen Hong
Antes de se tornar uma autora publicada, Hoang passou cerca de dez anos escrevendo romances paranormais e de fantasia, muitas vezes com um toque de artes marciais. Ela se inspirou em autores como Jayne Ann Krentz, Christine Feehan, Nalini Singh, Elizabeth Lowell, Susan Elizabeth Phillips, Kresley Cole, Eloisa James, Julia Quinn e Lisa Kleypas.

O seu primeiro romance, Os Números do Amor, foi lançado em junho de 2018. A trama segue Stella, uma mulher autista que contrata um acompanhante para explorar sua intimidade com outras pessoas. A ideia para o livro surgiu quando Hoang se deparou com a descoberta de que ela e sua filha estavam no espectro do autismo, o que a ajudou a moldar a personagem principal.

A sequência, O Teste do Casamento, publicada em maio de 2019, conta a história de Esme, uma camareira de hotel que se muda para os Estados Unidos para conhecer Khai, o primo de Michael do primeiro livro. Khai, que é autista, é erroneamente visto como frio e sem coração, e Hoang quis desafiar esses estereótipos prejudiciais. Por sinal, a história de Esme é baseada nas experiências de imigração da mãe da autora, que se mudou do Vietnã para os EUA. O terceiro livro da série, O Princípio do Coração, foi publicado em 2021.

Jo Melo
Contista e poeta, ela é autora dos livros “Hipérboles” (2022) e “Os Cinco Sentidos” (2024). Dessa forma, ela se destaca tanto por sua obra literária quanto por seu engajamento em causas sociais.

Reconhecida por sua militância, Jo Melo é uma voz ativa na defesa de mulheres, mães solo e pessoas autistas. Sua experiência como autista, em particular, molda sua visão de mundo e a forma como ela se expressa através da escrita. Assim, ela utiliza a poesia como uma ferramenta de autorregulação e um meio para traduzir a intensidade de seus sentidos, que vive frequentemente de forma hiperbólica. Em “Hipérboles”, por exemplo, quase 90% dos poemas surgiram de momentos de crise. Com isso, convidam o leitor a uma jornada sensorial para compreender a perspectiva autista.

Além disso, Jo Melo é membro da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil (AJEB-SP) e foi nomeada Imortal pela Academia Mundial de Letras.

Milena Martins Moura
A premiada poeta carioca é autora de seis livros, incluindo O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão, que foi semifinalista do Prêmio Jabuti 2024. Sua obra inclui títulos como Promessa Vazia (2011) e O carro de apolo capotou no horizonte (2025. Em 2025, ela foi finalista do Prêmio SESC de Literatura.

Seu livro A Orquestra dos Inocentes Condenados, escrito durante o isolamento social, é uma poderosa resposta poética à solidão e ao medo. Isso porque, longe de uma narrativa de “superação”, a poeta acolhe a perda e a transforma em uma poesia densa e urgente.

Já em “O Cordeiro e os Pecados Dividindo o Pão”, a autora aborda temas como a religião e a liberdade feminina, utilizando a palavra como uma ferramenta de empoderamento. Assim, a obra dessacraliza o sagrado e apresenta as mulheres como seres desejantes. E, dessa forma, resgata a subjetividade através do desejo.

Pedro de Lucena
Por mais de metade de sua vida, Pedro viveu em um mundo de gestos e incompreensões. Afinal, seus pais nem sequer sabiam que ele era capaz de ler. Mas, tudo mudou quando ele descobriu a escrita. Então, ao digitar em um teclado, Pedro começou a transpor seu mundo interior para o papel. Com isso, revelou uma mente rica e complexa.

Então, para incentivar seu talento, Pedro matriculou-se na Oficina Literária Paulo Caldas, onde o autor ministra aulas de prosa e poesia. O curso, que tem o objetivo de ensinar teorias e técnicas de produção literária, ajudou Pedro a aprimorar suas habilidades e a se conectar ainda mais com a escrita.

Pedro de Lucena é autor de livros de poesias, como “Parabólicas”, que é dividido em três seções: “Paranóias”, “Pura Sintonia” e “Antenado”, dão um vislumbre do seu universo criativo.

Rodrigo Tramonte
Rodrigo Tramonte, que tem graduação em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) e especializações em Produção Multimídia e inclusão e diversidade, é cartunista, palestrante e ativista. Seu trabalho mais famoso, a HQ Humor Azul, será adaptada para o cinema.

Em sua palestra no TEDxFloripa, Tramonte revela sua preferência pelo mundo dos desenhos, que ele considera mais lógico e previsível que a realidade. Ele explica que, nos desenhos, é fácil identificar o herói ou o vilão, e os personagens mantêm suas características, empregos e amigos por décadas. Essa constância contrasta com o mundo humano, que ele descreve como imprevisível e complexo, onde as pessoas e até mesmo jogadores de futebol mudam de emprego e de vida.

Selma Sueli Silva
Em sua obra de estreia, “Minha vida de trás para frente” (2017), Selma Sueli Silva nos leva a uma profunda jornada de autoconhecimento. O livro, portanto, é uma autobiografia que relata sua trajetória pessoal e profissional sob a nova perspectiva do diagnóstico de autismo, que ela recebeu na vida adulta. Assim, a autora usa a narrativa para ressignificar seu passado e iluminar o presente com uma nova compreensão de si.

Já com “Camaleônicos” (2019), Selma vai além de sua história para explorar as vivências de diversos adultos autistas no Brasil e em Portugal. Dessa forma, o livro-reportagem entrelaça informações teóricas com relatos pessoais e entrevistas. E cria um panorama rico e diversificado do espectro. Também, a obra desmistifica a ideia de que a experiência autista é homogênea. Com isso, mostra a pluralidade de vidas, carreiras e desafios que pessoas autistas enfrentam.

Simone Campos
A autora de livros como o suspense “Nada Vai Acontecer com Você” (2021) e a autoficção “Mulher de Pouca Fé” (2025) observa que estereótipos femininos clássicos estão sendo repensados na literatura e no cinema. Personagens como a mulher fatal dos romances policiais e a final girl dos filmes de terror estão sendo reinventadas por escritoras. A autora estreou na literatura aos 17 anos, com o livro “No Shopping” (2000)

Para Simone, há um crescente interesse por narrativas que saem do padrão centrado em figuras masculinas. Ela destaca que as pessoas estão cansadas de histórias em que homens são o foco principal, seja como heróis ou vilões, e que muitas vezes as personagens femininas secundárias têm potencial para serem muito mais complexas e interessantes.

Sophia Mendonça
O primeiro romance de Sophia Mendonça, “Danielle, Asperger” (2016), apresenta uma personagem complexa e multifacetada. A trama acompanha Danielle, uma jovem com Asperger, que, com seu humor ácido e paixão por vilões de novela, enfrenta crises, ansiedade e busca por superação. Assim, o livro explora temas universais, como a busca por aceitação, conflitos familiares e a descoberta da identidade. Dessa forma, permite que qualquer adolescente se identifique com a personagem.

A autora também publicou livros de memórias e reportagem. Por exemplo, em 2019, ela lançou “Neurodivergentes“, um livro-reportagem que defende que o autismo não é uma doença, mas sim uma variação da conectividade cerebral. E, em 2020, Sophia escreveu a biografia do filósofo japonês Daisaku Ikeda. Já em 2025, a autora retornou ao gênero do romance com a comédia romântica “A Influenciadora e o Crítico”.

Talia Hibbert
Hibbert ganhou destaque por criar histórias com um elenco diversificado de personagens. Assim, ela aborda diferentes raças, etnias, formas corporais, orientações sexuais e experiências de vida. Ela é autora de livros como “Vê se Cresce, Eve Brown” (2021) e “Acorda pra Vida, Chloe Brown” (2019).

Muitos dos personagens de Hibbert se encaixam no movimento #OwnVoices, que significa que a autora escreve sobre grupos marginalizados com os quais ela própria se identifica. Suas protagonistas, portanto, são frequentemente mulheres negras. E as histórias abordam temas como dor crônica e autismo. Além disso, Hibbert se esforça para incluir uma variedade de tipos de corpo em seus livros. O que reflete a sua crença de que “todos os tipos diferentes de pessoas podem ser atraentes e todos os tipos diferentes de pessoas merecem finais felizes”. Também, os romances de Hibbert refletem uma tendência crescente no gênero literário de dar destaque ao consentimento explícito em cenas íntimas.

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