20/06 | 2 anos de Coletivamente

Compartilhe

Compartilhe

É um absurdo que o Brasil – um dos países mais populosos do mundo – não tenha dados precisos sobre o número de autistas existentes no país. A Organização Mundial de Saúde (OMS) não fica muito atrás, e divulga sempre as mesmas informações: o território brasileiro tem cerca de dois milhões de autistas, dados estes estimados em 2010. 

“Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?”. O Censo 2022 (2020), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluiu essa pergunta apenas em 11% dos domicílios que receberam o questionário da amostra que compunha as visitas domiciliares. 

E isso, em parte, porque contou com a ajuda do apresentador Marcos Mion, que tem um filho autista e foi à Brasília. Em 2019, foi sancionada a Lei 13.861, que obrigou a inclusão da pergunta no censo.

Em março deste ano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos (CDC/EUA) divulgou novos números – uma em cada 36 crianças de 8 anos é autista no país norte-americano, o que corresponde a 2,8% da população, dado que se refere a 2020. 

Se comparamos os dados acima – divulgados pela principal referência mundial a respeito da prevalência de autismo – com os números brasileiros, teremos praticamente seis milhões de autistas no Brasil, quantidade duas vezes maior do que é “presumido” pela OMS, o que comprova a defasagem de nossas pesquisas. 

Maior capacitação

Mas o que ocorre? Estamos “gerando” mais autistas do que anteriormente? Talvez também, mas fato é que os diagnósticos recentes têm se tornado mais precisos graças à maior capacitação dos profissionais de saúde e à qualidade dos instrumentos que avaliam o distúrbio. 

Kenny  Laplante, fundador e CEO da healthtech Genial Care, especializada nos cuidados com crianças autistas, reforça a defasagem e, por outro lado, acrescenta que nem sempre um atraso no desenvolvimento significa que a criança tenha autismo. Sinais como atrasos na fala ou na linguagem, dificuldades na comunicação, em expressar emoções, ter comportamentos repetitivos e dificuldades na interação social são exemplos bastante significativos. 

A verdade é que o autismo não é uma doença, mas uma condição neurológica, que afeta o desenvolvimento da criança, principalmente nas áreas de comunicação, interação social e comportamento. É considerada um espectro, o que significa que pode variar amplamente em termos de gravidade e sintomas. 

O que assistimos atualmente é a má condução do distúrbio tanto pelas autoridades, pelas secretarias de saúde e instituições de educação, quanto por grande parte da sociedade. Há, é verdade, iniciativas escassas: organizações não governamentais (sem fins lucrativos), associações médicas (algumas) ou alguns pais que, num esforço descomunal, “gritam” por atenção.

Mas se demorou mais de uma década – entre um censo populacional e outro – para incluir uma pergunta sobre o autismo no formulário da pesquisa, quando será que haverá um plano nacional para lidar com essas crianças?  

FONTE: https://www.em.com.br/app/noticia/opiniao/2023/10/13/interna_opiniao,1575890/as-criancas-e-o-autismo.shtml

Veja também...

No vídeo abaixo, bem humorado, toco em pontos que comumente as pessoas confundem quando tratamos de autismo. Espero que gostem.

Mãe, pai… Você não precisa dar conta de tudo.Nem ser perfeito.Nem acertar sempre. Ser pai ou mãe já é, por si só, …

Você já conhecia o Experimento de Milgram? Nos anos 1960, o psicólogo Stanley Milgram realizou um dos experimentos mais marcantes da história …

plugins premium WordPress