20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Pagar um plano de saúde é, para muitos, uma tentativa de acessar serviços de forma mais rápida. Mas para pacientes com transtorno do espectro autista (TEA) no Ceará, o investimento tem sido frustrado: em 2023, quase 900 reclamações por falta ou demora no atendimento especializado foram feitas à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O número se refere somente às queixas registradas por pessoas com TEA, e representa cerca de 11% de todas as reclamações sobre as empresas de plano de saúde no Ceará. A demanda de pacientes autistas, aliás, cresce a cada ano: em 2019, foram 39 reclamações; frente a 877 em 2023, 22 vezes mais.

Os dados foram obtidos pelo Diário do Nordeste junto à ANS e estão atualizados até novembro deste ano.

Uma das quase 900 reclamações abertas neste ano é da dona de casa Renata da Silva, 45, mãe de Pedro, 5. Ele foi diagnosticado com TEA aos 2 anos de idade, após 5 meses de investigação com especialistas do plano de saúde. Mas, até a entrevista para esta reportagem, estava sem tratamento.

“Ele teve o acompanhamento semanal certinho por 2 anos e meio, até abril deste ano. Mas de vez em quando eu precisava faltar, não sabia que tinha que justificar, e retiraram o Pedro do grupo (de pacientes em terapia). Ele está sem acompanhamento há 9 meses”, lamentou Renata.

Após abrir o procedimento junto à ANS, Renata afirma que o plano de saúde ofereceu como solução “consulta com um profissional uma vez por mês, sempre num local diferente”. “Não aceitei. O tratamento para autismo é intensivo e semanal. A criança tem que ter um vínculo com o médico, eles não aceitam os terapeutas com facilidade”, justifica.

Sem terapias

Diagnosticado há 1 ano, o pequeno Samuel, de 3, filho de Yanna Monteiro, de 29, sequer conseguiu ingressar nas terapias necessárias a pessoas com TEA. “Continua na fila de espera desde maio, sem previsão”, reclamou a dona de casa em entrevista à reportagem, na quarta-feira (13).

O retorno do menino ao neuropediatra também está atrasado há 2 meses. “Ele está bem agitado e sem medicação, porque não tinha vaga pro médico e sem receita não posso comprar. Liguei pro SAC mais de 30 vezes. Dizem que tenho que esperar”, desabafa Yanna.

Renata e Yanna são usuárias do plano de saúde com mais beneficiários do Ceará: , que soma mais de 638 mil clientes no Estado; à frente da Unimed Fortaleza, que ocupa a segunda posição com 318 mil usuários, segundo dados da ANS de setembro de 2023.

Das 877 reclamações à ANS por negativa de atendimento a pacientes com TEA no Ceará neste ano, 674 foram referentes ao Hapvida (76,8%); 143 à Unimed (16,3%), e as 60 restantes distribuídas entre outras operadoras.

Em nota, a empresa declarou que “trabalha, diariamente, para dar o melhor atendimento aos seus clientes, com profissionais qualificados, e está sempre em constante busca de melhorias, inclusive com ampliação das estruturas físicas das unidades, aumento do quadro de profissionais e serviços exclusivos para os atendimentos de pacientes com TEA”.

Sobre o caso de Samuel, o Hapvida afirmou que o pequeno “está com as terapias agendadas e com a família acolhida pela equipe”. Já em relação a Pedro, a operadora justificou que suspendeu o atendimento “em decorrência das ausências do paciente em abril e maio de 2023”, mas garantiu que já contatou a família e incorporou o paciente novamente às terapias.

“A operadora permanece empenhada em prestar seus serviços com a qualidade, eficiência e está sempre aberta às famílias para quaisquer esclarecimentos e diálogo”, finalizou a nota.

FONTE: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ceara/tratamento-de-autismo-reclamacoes-sobre-planos-de-saude-crescem-22-vezes-no-ce-em-4-anos-1.3457870

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