O transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) tende a ser apontado como algo negativo. Os sintomas, que incluem hiperatividade, impulsividade ou desatenção, são vistos como uma fraqueza. No entanto, estudos recentes indicam que pessoas com TDAH costumam ser mais criativas, dinâmicas, têm competência social e emocional, além de possuir ótimas habilidades cognitivas.
Agora, uma nova pesquisa da Universidade da Pensilvânia busca rastrear as origens do TDAH e aponta que o transtorno seria uma parte importante da evolução. Os pesquisadores acreditam que o transtorno se desenvolveu como uma estratégia de sobrevivência adaptativa de nossos ancestrais.
Para o estudo publicado na revista “The Royal Society”, os pesquisadores analisaram dados de 457 adultos, sendo que deles, 206 afirmaram ter sintomas fortes de TDAH.
Em um jogo virtual, os participantes tinham a missão de colher o maior número possível de frutos silvestres num determinado espaço de tempo. O jogo obrigava os participantes a tomarem decisões, como: continuo a colheita no mesmo lugar onde as frutas estão acabando ou mudo de local para explorar um novo arbusto? A última opção custava segundos valiosos.
Os pesquisadores ficaram surpresos com esses resultados, pois acreditavam inicialmente que uma rápida mudança de arbustos poderia levar a uma produção menor. “Mas os sintomas de TDAH mais intensos levam a uma taxa de recompensa mais alta e a um melhor desempenho”, segundo Barack.
Série de vantagens
A tática usada pelo grupo com TDAH tem vantagens: evita a exploração de recursos em um único local e, ao mesmo tempo, expande a exploração para novas áreas. Uma estratégia que pode ter sido vital para a sobrevivência dos caçadores-coletores no passado.
Isso pode ser uma explicação plausível para a disseminação atual do TDAH. Mas com a diferença que as características que costumavam funcionar bem na colheita de alimentos não são mais tão vantajosas na sociedade atual. Principalmente quando os recursos não são mais tão escassos.
A dopamina, um neurotransmissor do cérebro responsável pela sensação de recompensa, é decomposta mais rapidamente em pessoas com TDAH do que em quem não tem o transtorno. A busca constante pelo importante neurotransmissor pode fazer com que as pessoas com TDAH alternem constantemente entre diferentes tarefas sem realmente concluí-las.
Porém, os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais investigações, pois o estudo apresenta algumas limitações, como por exemplo, os sintomas de TDAH foram baseados nas autoavaliações dos participantes, sem laudo médico.
Em uma próxima etapa, o estudo será realizado com pacientes diagnosticados clinicamente com TDAH. E a colheita virtual, passará para campos reais, o que exigirá mais esforço dos participantes.
FONTE: https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/02/29/tdah-pode-ter-sido-uma-vantagem-evolutiva-indica-estudo.ghtml