Em sua palestra no Meeting sobre autismo que a Academia do Autismo realiza em Cabo Frio, no Rio, o youtuber, programador, pesquisador e doutorando em psicologia pela UFMG Willian Chimura, de 30 anos, abordou, nesta manhã de sábado, o tema “Uma perspectiva funcional sobre o autismo”. Ao discorrer sobre as dificuldades que encontrou em seu desenvolvimento, Chimura, que é autista, acabou por revelar traços e aspectos de quem está inserido no espectro, sobretudo entre jovens e crianças, e que muitas vezes passam despercebidos pelas pessoas e, especialmente, pelos pais.
“Vemos que muitas necessidades, muitas tipicidades dos autistas não são validadas, aceitas pelas pessoas, pelo mundo. E isso torna todo o processo muito mais difícil para quem se encontra no espectro”, conta ele, ao citar exemplos práticos vivenciados por quem está inserido no TEA.
Chimura lembrou de sua infância, em São Paulo, quando submetia seus pais a situações que para ele eram normais, mas que eram vistos com estranheza por aqueles que orbitavam em seu ambiente. Ele citou a aversão por cortar cabelo, explicando que muitas vezes este simples ato pode ser encarado com muita dificuldade para is autistas.
“Minha mãe queria que eu largasse a minha brincadeira e ir para um lugar enfrentar fila, barulho e ainda ter um cara com um objeto perfurocortante próximo ao seu pescoço. Era o terror pra mim ter que ir ao barbeiro”, lembra ele.
Para tentar lidar melhor com este tipo de situação, que, segundo ele, se repete com muita frequência com famílias atípicas, é importante que todos façam o exercício de tentar individualizar cada situação e buscar soluções criativas e menos convencionais, que possam privilegiar o conforto e a acomodação por parte do autista com a solução apresentada.