É recomendável que o início da alfabetização ocorra precocemente (entre 04 e 05 anos)
A estratégia de começar a alfabetizar antes se justifica na lógica de que se a criança com autismo apresentar dificuldades nesse processo, ela terá mais tempo para aprender e se não houver dificuldade nesse processo, quando ela tiver aprendido a ler, aos 06 anos, coincidirá com a idade que os colegas dela estarão lendo, o que aumenta muito a probabilidade da criança com autismo acompanhar o conteúdo escolar, permanecer e progredir na escola.
REQUISITOS PARA COMEÇAR A ENSINAR HABILIDADES DE LEITURA PARA UMA PESSOA COM AUTISMO:
Conseguir executar e finalizar atividades simples
Fazer pareamento entre palavras impressas
Nomear figuras e vogais
Comportamento: sentar e permanecer sentada
Gomes (2015) sugere algumas tarefas descritas em estudo, destinadas a avaliar habilidades relacionadas à leitura. A pesquisadora descreveu 13 conjuntos de atividades constituídos por tentativas em papel de:
1– emparelhamento com o modelo por identidade entre figuras de formatos diferentes e;
2 entre figuras de formatos iguais (relacionar figuras idênticas);
3 – emparelhamento com o modelo por identidade entre palavras impressas (relacionar palavras impressas idênticas);
4 – emparelhamento com o modelo arbitrário entre figuras e palavras impressas e;
5 –entre palavras impressas e figuras (relacionar palavras escritas com as suas figuras correspondentes);
6 – identificação de figuras em ditado (selecionar a figura correta, frente a apresentação de várias figuras, após o educador falar o nome da figura);
7 – identificação de letras em ditado (selecionar a letra correta, frente a apresentação de várias letras, após o educador falar o nome da letra);
8 – identificação de palavras em ditado (selecionar a palavra escrita correta, frente a apresentação de várias palavras escritas, após o educador falar a palavra);
9 – nomeação de figuras (falar o nome correto da figura após a apresentação da figura pelo educador);
10 – nomeação de vogais (falar o nome correto da vogal após a apresentação da letra escrita pelo educador);
11– nomeação de letras (falar o nome correto da letra após a apresentação da letra escrita pelo educador);
12 – nomeação de sílabas simples (ler oralmente a sílaba após a apresentação da sílaba escrita pelo educador);
13 – nomeação de palavras (ler oralmente a palavra após a apresentação da palavra escrita pelo educador).
Você pode oferecer ao aprendiz atividades semelhantes às descritas e avaliar quais ele é capaz de fazer e quais ele ainda não é capaz; essas informações o auxiliarão a se decidir por onde começar e qual o caminho a seguir para direcionar o planejamento de ensino do aprendiz. Obviamente, o profissional precisa respeitar a fase do desenvolvimento do aprendiz na hora de avaliar as habilidades acima. Uma sugestão para parâmetro de repertório acadêmico é o embasamento das habilidades de aprendizagem e desenvolvimento propostos pela BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a fim de analisar a etapa em que o aprendiz se encontra e acompanhar o processo de alfabetização e desenvolvimento acadêmico.
Referência: Gomes, Camila Graciella Santos Ensino de leitura para pessoas com autismo / Camila Graciella Santos Gomes. – 1. ed. – Curitiba: Appris, 2015.
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Início da alfabetização
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Hiana Miranda da Silva
Neuropsicopedagoga, pós-graduada psicopedagogia comportamental, formação internacional avançada no ESDM (Early Start Denver Model), terapeuta do ensino naturalista, baseada no modelo Denver, especialista em intervenção ABA e em atendimento educacional especializado
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