20/06 | 2 anos de Coletivamente

Compartilhe

Compartilhe

“Uma parte do seu universo”: a expressão define o que representa uma cafeteria temática, localizada em Jundiaí (SP), aberta por uma família para ajudar um dos filhos diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), fã de super-heróis e personagens fantásticos.

Adriano e Daniela, pais de Murilo Melchert, de 25 anos, tiveram a iniciativa de materializar as paixões do jovem em um estabelecimento para ajudá-lo a interagir e mostrar ao mundo quem ele é.

Durante a pandemia, a família voltou a morar em Jundiaí (SP), após cinco anos fora do Brasil, e, segundo a família, o ciclo de convivência de Murilo foi praticamente interrompido. Para resolver o problema, os pais precisaram tomar uma decisão: “Esperar pela conscientização das pessoas de que Murilo precisava delas” ou “Promover a oportunidade das pessoas conhecerem quem ele é”. “Optamos pela segunda opção”, contam Adriano e Daniela.

Com isso, nasceu o café “Geek Verse”, onde “cada área representa um gosto do Murilo, formando uma pequena parte do seu universo”, destaca a família.

O ambiente é todo planejado e decorado sob os olhares atentos e exigentes de Murilo, que avaliou design, cores, objetos, móveis e, claro, os jogos. “Ele foi exigente durante a construção, participando das reuniões, validações de croquis e maquetes, visitas à obra e, claro, cobrando diariamente o andamento e a entrega do projeto”, contam os pais.

Para Murilo, o café abriu portas para que ele pudesse criar mais laços e conhecer novas pessoas.

“[O estabelecimento] tem cumprido seu propósito, atraindo pessoas que interagem com Murilo e criam laços genuínos. Podemos dizer que está ajudando toda a família nesse sentido”, comentam os pais, emocionados.

O local recebe artistas e profissionais do mundo nerd, palestras, eventos esportivos e encontros de cosplayers. E, com isso, a xícara de café se tornou apenas um acompanhamento. “Estimulamos escritores e ilustradores a deixarem seus produtos aqui, sem custo para venda, assim como para qualquer artista”, comentam os pais.

Os primeiros contatos

Antes mesmo de saber ler e escrever – e até falar – as histórias em quadrinhos já faziam parte da vida de Murilo, que apresentava algumas dificuldades na infância. A mãe, Daniela, que buscava compreender a condição do filho, teve contato com “André”, um personagem criado em 2001 pelo cartunista Maurício de Souza, com o intuito de conscientizar sobre o autismo.

Através do personagem André, os pais do Murilo puderam então ter uma explicação sobre as situações que o filho apresentava. Assim como o personagem, que na história tinha dificuldade de interagir, de falar, Murilo também demonstrava essas limitações, e que precisavam contorná-las. Com a descoberta dos sintomas, os pais puderam ter um norte para cuidar do filho e fazer um acompanhamento com um profissional e ter uma orientação.

E como o personagem de Maurício de Souza, Murilo foi se apaixonando pelo mundo dos personagens, sempre acompanhado de seu irmão, Matheus, que formou com ele uma dupla muito mais unida que Batman e Robin.

“Matheus foi fantástico por entender que muitas vezes tinha que abrir mão do que queria pelo irmão e nos ajudar a seguir em frente. Cada um de nós, como família, tinha características e maneiras diferentes de lidar com a situação, e sabíamos que a única forma de fazê-lo seria juntos, com respeito, amor e dedicação”, destacam os pais.

O gosto pelo universo geek surgiu graças à companhia do irmão Matheus, que juntos disputavam partidas de PS1, do personagem Homem Aranha, esse segundo os pais do Murilo foi o start. Eles comentaram ainda, que essa interação entre ele e o irmão, aumentou sua concentração e junto disso aumentou sua janela de interação.

“Fomos adquirindo outros jogos e aumentando a interação dele conosco, ao ponto de ser alfabetizado com os nomes heróis e vilões, ao invés de A de amor, B de bola etc. O Geek Verse foi nosso salto de fé como pais, para o Murilo continuar a interação dele com as pessoas”, disseram.

Esse universo foi muito importante para o desenvolvimento de Murilo, que sempre foi apaixonado por jogos, super-heróis e histórias em quadrinhos. Essa paixão o fez descobrir um mundo encantador, desenvolvendo capacidades que muitos não imaginavam.

Os jogos também foram uma porta para que ele pudesse interagir, utilizando as chamadas janelas de interação e contatos visuais de milésimos de segundos. Daniela e Adriano perceberam que os personagens e os jogos ajudariam nas ‘janelas’ de interação no dia a dia de Murilo.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2024/10/12/pais-que-identificaram-sinais-de-autismo-em-filho-por-historia-em-quadrinhos-abrem-cafe-tematico-para-jovem-parte-do-seu-universo.ghtml

Veja também...

No vídeo abaixo, bem humorado, toco em pontos que comumente as pessoas confundem quando tratamos de autismo. Espero que gostem.

Mãe, pai… Você não precisa dar conta de tudo.Nem ser perfeito.Nem acertar sempre. Ser pai ou mãe já é, por si só, …

Você já conhecia o Experimento de Milgram? Nos anos 1960, o psicólogo Stanley Milgram realizou um dos experimentos mais marcantes da história …

plugins premium WordPress