20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Estudo sobre canabidiol

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Um novo estudo liderado pela neurologista infantojuvenil Jeanne Alves de Souza Mazza, do Hospital Universitário de Brasília (UnB), revelou achados promissores sobre o uso do canabidiol (CBD) no tratamento de crianças e adolescentes com autismo moderado a grave.

A pesquisa, que será apresentada no Congresso Brasileiro de Neurologia Infantil, indicou que o CBD pode contribuir significativamente para a redução de sintomas como agressividade, irritabilidade e dificuldades na comunicação.

Publicado na revista Pharmaceuticals, o estudo acompanhou 30 pacientes com idades entre 5 e 18 anos, todos diagnosticados com autismo de nível 2 ou 3 de suporte. Durante sete meses, sendo seis de intervenção, os participantes foram tratados com uma combinação de canabidiol e tetraidrocanabinol (THC), ajustando a dosagem entre dois e três miligramas por quilo de peso corporal.

Jeanne Mazza ressaltou que o tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é desafiador, pois as opções terapêuticas existentes frequentemente apresentam efeitos colaterais sem impacto significativo nos aspectos centrais do transtorno, como a comunicação. A nova abordagem mostrou resultados surpreendentes desde o primeiro mês de terapia.

“Havia um paciente que eu acompanhava há seis anos e que nunca havia estabelecido contato visual. Em um dado momento, ele começou a me olhar nos olhos. Foi algo impressionante”, compartilhou a pesquisadora.

Resultados impactantes

70% dos pacientes apresentaram avanços na redução de agressividade e irritabilidade, permitindo maior foco nas atividades escolares e terapêuticas.

63% relataram aprimoramento nas questões sensoriais, reduzindo hipersensibilidade ao toque e a determinados alimentos.

67% mostraram progresso significativo na comunicação e interação social, incluindo maior aceitação de sons. 
Houve também uma diminuição de comportamentos repetitivos, como movimentos estereotipados e balançar do corpo.

No caso do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), 50% apresentaram redução da hiperatividade e agitação, apesar do CBD não ser um psicoestimulante.

Um dos achados mais relevantes foi a redução da polifarmácia: 74% dos pacientes conseguiram diminuir ou  interromper o uso de pelo menos um medicamento convencional.

A pesquisa também destacou a baixa incidência de efeitos colaterais, limitados a alteração no apetite e incômodo com o sabor do medicamento.

Próximos passos

Diante dos resultados encorajadores, a equipe já se prepara para uma segunda fase da pesquisa, que contará com um número maior de participantes e incluirá grupos de controle. O objetivo é validar e expandir as descobertas iniciais, consolidando o CBD como uma opção terapêutica para o autismo.

Este estudo reforça o potencial do canabidiol na medicina moderna, abrindo novas perspectivas para o tratamento do TEA e proporcionando esperança para muitas famílias. 

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