Se, em fevereiro de 2024, após o Rio Open, João Fonseca, aos 17 anos, protagonizou um salto de 312 posições em uma semana, um tenista americano autista, de 24 anos, subiu nada menos que 335 colocações na última segunda-feira. Seu nome? Jenson Brooksby, que, com seu primeiro título na carreira, em Houston, nos EUA, saiu da 507ª para a 172ª colocação. Coincidentemente, abril é considerado o Mês de Conscientização do Autismo.
Diagnosticado com autismo nível 3, o mais severo, o novo campeão de ATP sequer conseguia se expressar verbalmente até os 4 anos. Foram necessárias mais de 40 horas de terapia por semana para vencer os enormes desafios diários.
“Minha mãe (Tania) nunca desistiu e fez tudo o que podia para me ajudar. Eu não estaria aqui se não fosse por ela e tenho muita sorte de ter pais que nunca desistiram”, reconheceu Brooksby, ano passado, ao tornar público seu diagnóstico como autista.
Mesmo já profissional, o americano também teve de superar enormes obstáculos, como cirurgia nos dois punhos e uma suspensão de 13 meses por ter faltado a três testes antidoping em um período de um ano. A suspensão terminou em março de 2024. No entanto, Brooksby lesionou o ombro, e por isso adiou a volta às quadras, que só aconteceu em janeiro deste ano, quando perdeu para o compatriota Taylor Fritz na estreia no Aberto da Austrália.
Seu primeiro triunfo veio apenas no Masters 1000 de Indian Wells, em março, quando era o 937º do ranking e superou o italiano Benjamin Bonzi (62º). Depois, ele foi o algoz do canadense Feliz Auger-Aliassime (18º), antes de perder para o britânico Jack Draper (14º) na terceira rodada.
No domingo passado, ao surpreender o compatriota Frances Tiafoe na decisão, por 6/4 e 6/2, o americano se tornou o terceiro tenista na Era Aberta (desde 1969) com o mais baixo ranking a levantar um troféu desse nível. Os outros foram dois ex-campeões de Grand Slam: o croata Marin Cilic (777º em 2024, quando venceu em Hangzhou) e o australiano Lleyton Hewitt (550º em 1998, na semana em que triunfou em Adelaide).
“Isso significa o mundo. Era uma das minhas maiores metas desde que me tornei profissional. Significa demais ter meu primeiro troféu. Provavelmente, é a melhor semana da minha vida”, celebrou o campeão, ex-33 do mundo, seu melhor ranking até hoje, alcançado em 2022.
Em um feito também dos mais raros, o campeão salvou match-points em nada menos que três partidas em Houston, incluindo a primeira partida do qualifying. Na chave principal, Brooksby venceu os três favoritos: o chileno Alejandro Tabilo, e os compatriotas Tommy e Tiafoe.
“Primeiro, tive várias adversidades na vida, fora e dentro das quadras. Durante o jogo ainda fico nervoso, claro, mas as situações que já superei me dão uma perspectiva diferente, já que enfrentei situações difíceis na vida”, comparou Brooksby.
FONTE: https://www.lance.com.br/mais-esportes/autista-americano-protagoniza-salto-no-ranking-maior-que-o-de-joao-fonseca-em-2024.html