Penso que muitas pessoas já tenham ouvido esse antigo ditado árabe: “Quem planta tâmaras, não colhe tâmaras”. Bem, foi exatamente nele que pensei quando alguém me disse assim: você é uma semeadora de tâmaras.
Fiquei refletindo sobre vários pontos de minha vida em que caberiam essa sentença e, porque renderia uma escrita nesse perfil.
O primeiro ponto de reflexão foi o que há de comum entre ser semeadora de tâmaras e ser uma mulher com dupla-excepcionalidade, e assim fui buscando características símiles. A tamareira é uma árvore que leva de 80 a 90 anos para dar frutos pelo processo antigo de plantio. Seu habitat natural é o deserto, onde consegue sobreviver ao extremo das temperaturas (altas e baixas) características do clima local. Ela também é símbolo de vida em meio a tanta aridez.
Considerada um arbusto solitário, a tamareira apresenta enorme capacidade de sobreviver em um dos ambientes mais hostis, o que revela sua força e não dependência de outros. Algo interessante sobre a tamareira é que ela não possui uma raiz principal, todas as suas raízes crescem iguais e juntas.

Na colheita de tâmaras, os homens do deserto costumam jogar pedras para que o fruto se solte, assim sendo ao cair na terra quente, o fruto cozinha, tornando seu sabor muito mais adocicado. O apedrejamento da tamareira nos mostra uma lição sublime, que é devolver o bem mesmo para aqueles que nos fazem mal.
Também podemos vislumbrar na tamareira o símbolo da perseverança, e nos seus frutos o símbolo da empatia. Sua pequena semente, a princípio frágil, se transforma em uma árvore majestosa pela ação do tempo, espaço e clima. Seus frutos se doam como verdadeiro mel aos homens, viajores dos desertos, alimentando-os com suas ricas propriedades nutricionais.