Todos os dias, seja em consultório, palestras ou em aulas recebo essa dúvida: “Como saber se é birra ou crise?”
Primeiramente, é importante entender que autistas não são agressivos, ou seja, não é uma característica como muitos pensam e até mesmo como erroneamente notícias relatam. Com isso, vale ressaltar a diferença. A crise ocorre mediante um estímulo sensorial que gera um incômodo a uma pessoa autista, esse estímulo pode ser através da visão, do olfato, do paladar, do contato, do movimento ou até mesmo pelos pensamentos que permeiam a pessoa.
Já a birra são comportamentos inadequados que as crianças apresentam para conseguir algo que querem muito. Seja brinquedo, seja atenção ou se livrar de algo que elas não querem. Em suma, é um comportamento que ocorre com a intenção de protestar por algo. Por exemplo: quando acaba uma atividade prazerosa, quando alguém vai embora, quando querem comer um doce e recebem um “não” ou quando querem sair de algum lugar.
Uma birra pode se tornar uma crise. Por isso é importante saber mediar e sempre fornecer previsibilidade aos pequenos e aos adultos. Então, sempre tente manter a calma, fale com a criança ou adulto na altura dela e explique que você entendeu o que ela lhe disse, mas que naquele momento será feito diferente. Vale ressaltar que todo comportamento reforçado tende a ser mantido, por isso não reforce o comportamento de birra, não fique rindo, nem ceda aos choros intensos. Crie rotinas para diminuir a ansiedade e dê previsibilidades com imagens do que será feito no dia.
Por fim, vale lembrar que é importante diminuir o tempo de telas e aumentar o engajamento familiar, com tempo de qualidade. E não se preocupe em sempre ocupar o tempo ocioso da criança/adulto, pois são nesses momentos que ocorrem a criatividade e as resoluções de problemas.