20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Brasileiro ganha duas medalhas

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Em um intervalo de cinco dias, o estudante brasileiro Alexandre Andrade de Almeida, de 17 anos, conquistou duas medalhas de prata em competições internacionais de ciências: uma na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO, na sigla em inglês) e outra na Olimpíada Europeia de Física (EuPhO). Diagnosticado com autismo e superdotação em 2021, Alexandre já recebeu 95 premiações em disputas acadêmicas nacionais e internacionais. Desse total, ele foi medalha de ouro em 43.

O jovem conta que as duas conquistas mais recentes exigiram meses de preparação, que envolveram testes práticos, teóricos e treinos de agilidade na hora de responder às questões. “Conseguir prata em uma olimpíada é difícil, em duas olimpíadas de áreas distintas, mais ainda”, diz Alexandre, em entrevista exclusiva à revista “Galileu”. “Logo, o reconhecimento dessas medalhas explora o quanto trabalhei duro, e a dedicação durante esse ano.”

Aluno do 3º ano do Ensino Médio Colégio Objetivo Integrado na Avenida Paulista em São Paulo (SP), Alexandre participa de turmas avançadas desde os 11 anos. Com ênfase em treinamento para olimpíadas científicas, ele se envolveu cedo em competições. Mas seu destaque internacional vai além das provas. O estudante também assina a descoberta de nove possíveis asteroides, dos quais dois já foram confirmados por um programa de rastreamento de objetos espaciais parceiro da Nasa.

O caminho até o pódio

A Olimpíada Internacional de Biologia aconteceu entre os dias 7 a 14 de julho, em Astana, no Cazaquistão, e reuniu mais de 800 estudantes, de 81 países. Para ser classificado, Alexandre teve, antes, que passar pela Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada pelo Instituto Butantan. Entre os 164 mil participantes de todo o país, o jovem conquistou o primeiro lugar. A medalha de ouro garantiu a vaga para as seletivas.

Os 16 finalistas que mais se destacaram na OBB participaram da semana olímpica, uma etapa de preparação promovida no mês de maio por pesquisadores e educadores do próprio Instituto Butantan, a fim de selecionar os participantes para a etapa internacional. Entre testes, atividades e provas práticas e teóricas, o aluno obteve o melhor desempenho – mas o desafio só estava começando.

“A prova da IBO é composta por um dia de provas práticas, com uma carga horária de 6 horas, e outro dia de provas teóricas, com uma carga horária de 7 horas. Então, além dos testes conteudistas, a Olimpíada é uma prova de resiliência”, contou Alexandre. Os temas cobrados no torneio cobrem diversas áreas da Biologia, incluindo bioquímica, bioinformática e fisiologia geral. As questões exigiam habilidades como calibrar microscópios e ler gráficos.

Ao final, Alexandre conquistou medalha de prata com a maior pontuação brasileira, sendo o principal destaque entre os ibero-americanos. Além disso, esse foi o melhor desempenho de um estudante paulista desde que o Brasil começou a participar da IBO. Até hoje, apenas quatro brasileiros conquistaram a prata na competição.

Do Cazaquistão para a Geórgia

Imediatamente após o encerramento da IBO, Alexandre partiu do Cazaquistão em direção à cidade de Kutaisi, na Geórgia, para disputar a Olimpíada Europeia de Física. Entre os dias 15 e 19 de julho, a competição contou com a participação de alunos de 54 países, não só da Europa.

Alexandre fez parte de uma equipe com mais quatro estudantes brasileiros, os cinco primeiros colocados na Olimpíada Brasileira de Física (OBF). A competição é composta por duas fases: uma prova prática e uma prova teórica. Na rodada teórica, que dura cinco horas, há três questões, valendo dez pontos cada: uma muito difícil, uma de dificuldade moderada e uma relativamente mais fácil. Na prova prática, que também dura cinco horas, os participantes fazem uma ou duas tarefas experimentais, que testam suas habilidades fora do papel.

“Ao contrário de outras olimpíadas, a EuPhO possui apenas uma folha ou duas de perguntas para cada prova. Os problemas exigem raciocínio rápido, criatividade e agilidade”, relata o aluno. “Enquanto a prova prática foi a mais criativa, a prova teórica possuía questões distintas de diferentes áreas do saber, dinâmicarelatividade e óptica física. Nesta prova obtive o melhor resultado brasileiro.”

Faculdade de medicina

Alexandre, que já retornou ao Brasil, conta que seu principal objetivo agora é estudar medicina na Universidade de São Paulo (USP), no campus da capital. Como aluno do último ano do Ensino Médio, ele não planeja disputar outras olimpíadas internacionais em 2024. Seu foco passará a ser o vestibular – o da USP, a Fuvest, acontece em novembro – sem, é claro, abandonar as competições nacionais. No Brasil, ele ainda planeja participar da Olimpíada Nacional de Ciências (ONC), da Olimpíada Brasileira de Física (OBF) e da Olimpíada Brasileira de Química (OBQ).

Conciliar o calendário de provas com o sonho da aprovação no vestibular, no entanto, não tira o sono do jovem paulistano. “Estatisticamente, ser o primeiro na OBB é mais difícil do que passar em Medicina na USP”, diz o aluno. “Eu sinto muito orgulho da minha família, da minha escola, de todos os meus professores e dos meus amigos por tornarem esse sonho possível.”

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/sociedade/educacao/noticia/2024/07/brasileiro-com-autismo-ganha-duas-medalhas-em-olimpiadas-internacionais-de-ciencias.ghtml

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