20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Foram 30 anos buscando soluções que a neurologista Gabriela Cavassani sequer sabia se existiam para os problemas de socialização que sempre conviveu ao longo da vida.

“Qualquer interação social um pouco fora da minha rotina, por exemplo hoje, quando eu acabar aqui [a entrevista], vou ficar muito cansada, daí fico com muitas dificuldades de falar, a mente sempre fica muito lenta, troco palavras.”

Tudo começou a mudar com o nascimento do filho, Luiz Antonio Cavassani. Logo no primeiro ano de vida, a mãe percebeu que a criança tinha comportamentos não muito comuns para a idade.

“Ele não tinha atrasos, meu filho, na verdade, tinha avanços em alguns marcos do desenvolvimento. Mas a qualidade das coisas que ele fazia me chamava muito a atenção, a forma como ele brincava, ele brincava de uma forma sempre muito repetitiva.”

Diagnóstico: autismo

Com 1 ano e 6 meses, o desenvolvimento da fala de Luiz estacionou, e a mãe foi atrás de saber o que o filho tinha. As avaliações apontaram Transtorno do Espectro Autista (TEA) em nível 1 de suporte.

(Nesta semana, o EPTV 2 apresenta uma série de três reportagens especiais sobre o autismo, em alusão ao Abril Azul, mês de conscientização do transtorno. A primeira pode ser assistida, na íntegra, no início desta matéria.)

Gabriela lembra que, ao saber do diagnóstico, veio a preocupação com o futuro do filho.

“Fiquei muito preocupada em o que os outros jogariam em cima do meu filho, como os outros iriam tratar ele, que tipo de preconceito ele iria enfrentar.”

Além da preocupação, outro ponto começou a chamar a atenção da mãe: a semelhança de alguns comportamentos dela com os de Luiz.

“Cada vez mais a gente ia observando comportamentos dele parecidos com os meus. Minha mãe, que convivia muito com ele, falava assim: ‘ele não pode ser autista, ele só é parecido com você'”.
Mal sabia a avó que a confirmação do diagnóstico da criança se dava justamente pela semelhança com Gabriela.

Isso porque a neurologista acabou descobrindo que as atitudes parecidas não eram por um mero acaso: ela também tinha autismo.

Dificuldades no dia a dia

Dificuldade em compreender falas consideradas simples do dia a dia é um reflexo comum do transtorno, segundo especialistas.

“Os adultos nível 1, a maior dificuldade que eles vão comentar sempre é esta: o outro entender o que ele quer dizer, e ele entender o que o outro quis dizer também. É o que falar e como falar com a outra pessoa”, explica a médica Lilian Yamada.

O problema afeta Gabriela e, de acordo com ela, acaba desencadeando outros, como o nervosismo e a vergonha.

“Piadas, brincadeiras, às vezes coisas simples que as pessoas falam, e eu não consigo entender, fico muito nervosa, com medo de a pessoa perceber que eu não estava entendendo.”

A neurologista destaca, ainda, que possui exigência acima do habitual por manter as coisas organizadas.

“Gosto que a configuração das coisas sempre fique igual. Se eu for reduzir a janela, por exemplo, ela tem que ficar sempre do mesmo jeito”, completa.
Para controlar o transtorno, a mulher passa por sessões de terapia e toma remédios. Já o filho, atualmente com 5 anos, teve alta da terapia e segue acompanhamento com uma psicopedagoga.

Fonte: G1 (https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/04/15/neurologista-descobre-aos-30-anos-que-tem-autismo-apos-filho-ser-diagnosticado-com-o-transtorno.ghtml)

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