20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Contos de fadas para autistas

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Contar histórias para crianças autistas  ajuda a promover suas habilidades de linguagem, manter a atenção,  desenvolver a capacidade de abstração, de criatividade, reconhecimento das emoções e como lidar com elas. Podemos também falar nos benefícios da relação com o outro, da afetividade e a possibilidade de trabalhar a troca de turnos, numa leitura interativa.

A literatura é um dos instrumentos importantes a serem utilizados na formação do ser humano desde a infância. Desenvolver o hábito da leitura contribui na  formação do aluno em relação ao senso crítico, ao enriquecimento do vocabulário e na ampliação da sua visão de mundo.

Crianças autistas/ superdotadas são “crianças” e devem ter acesso assegurado à leitura, seja essa através de objetos concretos, comunicação aumentativa/alternativa, leitura estruturada, comunicação gestual, enfim o recurso que a criança autista demande.

Há diversos tipos de livros benéficos ao autista além dos comuns impressos, como os de pano, os de banho, os sensoriais, os estruturados, etc.

Contos de fadas envolvem simbologia, e pensar que por apresentarem déficits em relação à imaginação e à linguagem autistas não entendem esse tipo de gênero,  é reduzir o potencial humano desses indivíduos. É mais uma vez dar forças a mitos que são prejudiciais ao entendimento do que realmente é o TEA, e é dever do professor não perpetuá-los.

Não podemos fazer julgamentos de valores pré-estabelecidos das crianças, pois isso além de trazer prejuízos ao que ela pode aprender e vir a desenvolver, demonstra um preconceito arraigado e supracitado em falas capacitistas, nas quais julga-se a criança autista como uma pessoa sem potenciais para a compreensão daquilo que lê e ouve. 

Aprendemos com Friedmann (2005) que “o símbolo pode ser representado através de um movimento, uma expressão corporal ou gestual, uma brincadeira, um sonho, um relato de imaginação ativa. (2005, p. 36). A autora entende que os símbolos não somente abrangem o abstrato, mas estendem o pensamento infantil para objetos concretos com significado simbólico. Como estudiosos do TEA, sabemos que a mente visual predomina em grande parte do espectro, e a permissão do entendimento de símbolos através de visualizações mais concretas abre espaço para mais significados.

Esse é um assunto complexo que demanda mais pesquisas e discussões.

De minha parte, reitero o benefício do uso de contos de fadas na formação de crianças autistas, pois além dos ganhos cognitivos e de linguagem, o contato com os livros, o contato com quem lê, os sentimentos colocados nessa leitura são interações necessárias e bem-vindas. Além de proporcionar essa troca magnífica que sempre ocorre quando um autista socializa com seus pares, ou com seu objeto de hiperfoco, aqui na ocasião, os livros.

Referência Bibliográfica: FRIEDMANN, Adriana. O universo simbólico da criança: olhares sensíveis para a infância. Petrópolis: Vozes, 2005.

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Autismo na vida adulta, seus desafios e suas potencialidades. Falo mais sobre tudo isso no vídeo que segue.

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