Sim, existem diferenças entre meninas e meninos autistas, com certeza, quando se trata dos níveis com (aparentemente) menos suporte.
Com a globalização, pesquisas internacionais têm alcançado diversas pessoas, entre elas, as mulheres autistas, adultas, com diagnóstico tardio devido à falta de informação suficiente durante a infância.
Quase todas tiveram diferentes diagnósticos já na adolescência, como: transtornos de atenção, depressão, transtornos alimentares e ansiedade generalizada, entre outros. O autismo, no entanto, não parece ter sido cogitado na infância devido ao mito da criança que fala (bem) e é dócil (empática, sociável).
Ainda hoje há famílias que não buscam – ou recebem – o diagnóstico correto em vista do que se supõe sobre sinais (clássicos) do autismo.
Meninas têm características do TEA diferentes de meninos. Quanto menos suporte necessitam, mais diferenças haverá. Algumas pesquisas apontam fatores genéticos e hormonais para a diferenciação de sinais de autismo entre os sexos, porém, mais pesquisas são necessárias para confirmar o que cada vez mais vem sendo observado clinicamente.
Meninas costumam estereotipar menos que meninos, e estes “stims” costumam ser menos óbvios, tais como mexer nos cabelos, movimentar os dedos, morder a língua/lábios, discretamente.
Seus hiperfocos também costumam ser mais típicos de meninas: celebridades, estudo, moda, animais, natureza, desenhos.
Meninas, também, têm mais noção social, ou seja, observam como outros falam, como falam e tentam imitar comportamentos sociais. Muitas vezes, têm muita empatia, apesar de nem sempre conseguirem expressar suas emoções, ou regular emoções. Podem chorar de repente, não saber o que dizer quando confrontadas. São mais propensas ao shutdown do que ao meltdown.
“Ultra sensíveis, frescas, dramáticas, antipaticas, intrometidas, ingênuas, infantis” são alguns dos adjetivos que meninas autistas recebem na infância e adolescência, apesar de reconhecida inteligência e habilidades variadas.
Se eu puder definir o que mais importa na infância de meninas (autistas pouco suporte): autoestima e regulação de emoções.