De tudo que eu ensinei ao Edinho, meu filho autista, entender que a gente não tem controle da vida foi a mais difícil porque tinha a ver diretamente com a forte rigidez cognitiva dele.
Mais do que nunca a gente precisa aceitar que não tem controle sobre nada na vida, quer dizer, muito pouco. Mesmo tomando precauções, se preparando, a gente pode se deparar com alguma coisa imprevisível. Faz parte da vida de todos nós. Para muitas pessoas com TEA esse é um desafio enorme, seja pelo déficit de comunicação, a rigidez ou pelas Funções Executivas ainda não desenvolvidas, que faz com que os imprevistos sejam uma experiência muito ruim.
A família entende, acolhe e coopera, tenta se precaver, antecipar, se organizar, mas aí chega aquele dia em que tudo dá errado, e nosso filho não aceita porque não estava na rotina. Dramas que eu aprendi a encarar como OPORTUNIDADES de mostrar a vida para o Edinho:
O PLANEJADO DÁ CERTO… ATÉ QUE NÃO DÁ.
E aí? Vamos espernear, gritar, até encontrar uma solução porque o mundo não vai acabar.
📌 O biscoito não podia estar quebrado (mas sempre acaba quebrando)
📌A campainha não podia tocar (mas de vez em quando toca)
📌O trajeto de carro não podia mudar (mas quando tem obra, não tem jeito…)
📌A torre de brinquedo não podia cair (mas cai)
📌A gente vai sair de férias, mas alguém da família adoece e não vamos mais.
Uma centena de imprevistos que fazem parte da vida; que muita gente não gosta, mas entende, e que muitos autistas acham tão assustador. Meu filho tinha crise, surto, gritos, manias e eu, lá, insistindo que era EU que não conseguia ensinar uma criança que podia aprender.
É como o Edinho diz, hoje em dia: “Putz… que chato essas coisas …” e pensa em uma alternativa. Foi assim mesmo que comecei a ensinar a ele: que a gente sempre fazia igual, mas às vezes não dava, por isso, a gente ia criar um plano B.
Lembrem que os anos mais longos de nossos filhos serão os da vida adulta, cheia de imprevistos e decepções. Vamos trabalhar para que encarem o futuro o mais preparados possível.