20/06 | 2 anos de Coletivamente

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Melhoria na percepção

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Embora seja mais conhecido entre crianças, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo idosos e adultos. Porém, a percepção de que este tipo de neurodivergência é um problema apenas infantil ainda impede muitos adultos de buscar diagnóstico.

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o número de diagnósticos entre crianças tem crescido, mas ainda não acompanha o volume esperado da população total. A ABDA estima que ao menos 6% da população geral tenha o transtorno e, em indivíduos acima dos 44 anos, a prevalência chega a 4%.

“O TDAH sempre se manifesta desde a infância, mas muitas vezes ele não é diagnosticado. O indivíduo mascara sua dificuldade de se organizar, sua impulsividade, mas muitas vezes isso leva a comorbidades como transtornos de humor e de ansiedade, por exemplo. Por isso, muitas vezes, percebemos que a pessoa tem TDAH sem saber quando vamos tratar estes problemas, que podem ser até de vícios em jogos e outras compulsões”, explica a psiquiatra Fabricia Signorelli, de São Paulo.

Segundo a médica, em adultos há mais predomínio de sintomas de hiperatividade e impulsividade do que os característicos de desatenção da infância. “Esses sintomas estão associados a outras disfunções, como disfunções executivas e dificuldades de regulação emocional”, completa.

Entre adultos e idosos, por exemplo, é comum que a pessoa com TDAH tenha dificuldade de organizar tarefas, planejar atividades, cumprir prazos, manter a ordem em casa, ficar parado por muito tempo e relaxar.

Muitas vezes, eles tomam decisões precipitadas, esquecem eventos e compromissos, perdem objetos, não conseguem esperar sua vez para falar, tomam decisões precipitadas e têm explosões de raiva.

O que é o TDAH?

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica caracterizada por desatenção, impulsividade e hiperatividade.

Ele pode afetar crianças, adolescentes e adultos, impactando o desempenho escolar, profissional e os relacionamentos interpessoais. Por isso, o diagnóstico precoce e correto é essencial para evitar prejuízos emocionais e sociais a longo prazo.

O tratamento pode incluir psicoterapia, medicamentos e mudanças comportamentais para melhorar a qualidade de vida. Sem tratamento adequado, o TDAH pode aumentar o risco de ansiedade, depressão, dificuldades no trabalho e de baixa autoestima.

Um dos maiores impasses para fazer o diagnóstico do TDAH na vida adulta é sua semelhança (e, frequentemente, sua sobreposição) com outros transtornos, como a ansiedade, depressão e sobrecarga. Sintomas como dificuldade para manter o foco e impulsividade podem aparecer em todos esses cenários.

Além disso, muitas das características acabam passando por um processo chamado de mascaramento. No caso de adultos com TDAH, é comum que ao longo da infância eles tenham inconscientemente percebido o que em seu comportamento não agradava as pessoas ao redor e criado estratégias de adaptação que mascaram os sintomas, dificultando a percepção do transtorno.

Por isso, o diagnóstico deve ser feito por um psicólogo ou um psiquiatra especialista na emissão de laudos, não apenas em uma lista de sintomas dadas por um vídeo nas redes sociais. Entretanto, para o psiquiatra Michel Haddad, do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE), o fato de se falar mais nas redes sobre o transtorno pode estar levando adultos a perceberem os sinais.

“O mundo digital ajuda muito na disseminação das informações e acaba gerando um sinal amarelo para a pessoa buscar ajuda para si próprio ou até mesmo para um familiar. É comum que o TDAH seja confundido com outras doenças. Para fechar o diagnóstico, o psiquiatra realiza exames clínicos e anamnese para que, nos casos indicados, seja iniciado o tratamento o mais breve possível, a fim de melhorar a qualidade de vida do indivíduo”, explica Haddad.

Quais são os tipos

Embora o transtorno seja o mesmo, ele se manifesta de formas diferentes nos pacientes. Em geral, eles são agrupados em três conjuntos: desatento, hiperativo e misto. O desatento comete erro com frequência por falta de atenção quando tem que fazer algo que considera chato, ou repetitivo, e tem dificuldade de se concentrar.

O hiperativo é aquele que tem dificuldade de ficar sentado, fica mexendo a cadeira, balançando os pés e não consegue relaxar. O misto é uma mistura dos dois.

O transtorno não tem uma causa única e específica, mas é resultado de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A condição tem uma forte tendência hereditária, sendo mais frequente em famílias que já possuem casos do transtorno. Em geral, pessoas com essa neurodivergência possuem comprometimentos nas funções cerebrais de áreas associadas ao controle dos impulsos.

Ele está associado a uma série de outras condições neuropsicológicas como a depressão, ansiedade e transtorno bipolar, frequentemente acontecendo junto com estas doenças. Além disso, há pesquisas que o relacionam a dores crônicas, doenças do sistema imune, obesidade, diabetes tipo 2 e outras condições somáticas.

Segundo a ABDA, cerca de 70% das crianças com TDAH apresentam outra condição associada. Na vida adulta, essas comorbidades tornam o tratamento mais complexo e exigem acompanhamento contínuo, com atenção à saúde mental integral.

Estudos indicam que tratar o transtorno pode reduzir sintomas de dor, melhorar a concentração e resgatar o bem-estar emocional. A abordagem correta depende de profissionais, estrutura de atendimento e acesso à informação de qualidade.

FONTE: https://www.metropoles.com/saude/seus-pais-tem-tdah-saiba-sintomas

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