20/06 | 2 anos de Coletivamente

Compartilhe

Compartilhe

Se você leu o artigo anterior, sabe que minha entrada no mundo da ABA não foi planejada, mas sim pela necessidade, pelo cuidado com uma criança, e por aquele misto de medo e vontade de fazer a diferença. Eu me vi num papel que, até então, não entendia por completo: aplicadora, acompanhante terapêutica, técnica ABA… nomes que eu ouvia, mas não compreendia a profundidade.

Com o tempo, percebi que ser AT não é apenas “estar com a criança”, mas é carregar nas costas (e no coração) uma responsabilidade enorme em aplicar estratégias pensadas por um analista do comportamento, promover aprendizagem significativa, registrar dados com precisão, lidar com crises, promover autonomia, e tudo isso sem perder o vínculo afetivo.

Quem é, afinal, o AT?

 Existem muitas nomenclaturas para este profissional que atua na ABA, entre eles: aplicador ABA, ou técnico de intervenção comportamental, ou acompanhante terapêutico (AT). Mesmo com nomes diferentes, o papel dele na intervenção é o mesmo: é o profissional que implementa diretamente os programas de ensino elaborados pelo analista do comportamento dentro das intervenções em ABA. Ele é o profissional que se torna os “braços e a voz” da intervenção no cotidiano da criança, ou seja, ele que está na linha de frente do tratamento, ensinando habilidades e ampliando repertórios nos aprendizes atendidos.

É quem transforma os programas escritos em interações reais, quem traduz a ciência para a prática, quem ensina com paciência, observa com atenção e ajusta com sensibilidade, que atua em algumas vezes na clinica, em ambiente escolar e contexto familiar.

Mas, não se engane, o AT não inventa a intervenção e não age por conta própria, sabia?  Ele segue, com rigor técnico, o plano traçado pelo supervisor, mas com olhos atentos e coração aberto tanto para implementar quanto para mudar o que for necessário para ter melhores resultados na intervenção com o aprendiz.

Qual é a formação e o preparo necessários?

Muita gente ainda acredita que qualquer pessoa “jeitosa com crianças” pode ser AT, mas isso não poderia estar mais longe da verdade, sabia? Porque mesmo que o Brasil ainda esteja caminhando em termos de regulamentação, a prática ética e eficaz exige formação teórica consistente e experiência supervisionada.

O caminho ideal para a formação de um aplicador ABA inclui:

a) Curso de formação com carga horária mínima (geralmente entre 40h e 180h);

b) Supervisão contínua por analistas do comportamento experientes;

c) Conhecimento dos princípios básicos da Análise do Comportamento (reforçamento, punição, controle de estímulos, estratégias de ensino, análise funcional do comportamento);

d) Habilidades interpessoais bem desenvolvidas;

e) Comprometimento com o aprendizado contínuo.

Eu mesma fui aprendendo na prática, estudando à noite, buscando supervisão, perguntando, errando e corrigindo. E a cada criança, aprendi algo novo e aprendo até hoje, porque cada caso é único independentemente da experiência que tenhamos.

As atribuições que ninguém te conta, mas que fazem toda a diferença

O Aplicador ABA/ AT precisa:

a) Registrar dados com precisão (e entender o porquê desses dados);

b) Promover a generalização das habilidades ensinadas;

c) Trabalhar junto à família e à escola;

d) Participar de reuniões de supervisão e estar aberto a feedbacks;

e) Ter repertório de escuta, empatia e comunicação não violenta.

E talvez o mais difícil: precisa aprender a lidar com suas próprias emoções, porque você vai se frustrar e muitas vezes  vai se sentir impotente. Em algum momento vai duvidar de si, mas também vai ver uma criança olhar nos seus olhos pela primeira vez, vai ser aquele em quem a criança enxerga conforto e segurança, vai ver alguns olhinhos brilhando quando te verem. Vai ouvir uma palavra nova que ela nunca disse, vai ser parte de pequenas grandes vitórias diárias que marcarão sua vida para sempre! E estas são as maiores recompensas do nosso trabalho.

Ser AT é mais que aplicar técnicas, é ter compromisso com a criança e sua família.

É respeitar o tempo de cada um, é estudar mesmo cansado, é ouvir com atenção e atuar com ética.

É saber que o que você faz não é sobre você, mas sobre o outro! É ter certeza que seu trabalho gera impacto na vida das pessoas e que a nossa maior missão é TRANSFORMAR!

Por isso, se você está começando, ou se está refletindo sobre sua atuação, eu te convido a se comprometer hoje mesmo com a sua profissão: estude, se capacite, receba supervisão, respeite os limites e celebre as conquistas. E, acima de tudo, nunca perca o propósito que te fez chegar até aqui.

Se está gostando desta nossa série de artigos, te convido a não perder o tema do próximo, segunda-feira que vem, pois iremos falar sobre a importância do treinamento via cuidadores, para que potencializem as habilidades aprendidas pela criança nos atendimentos.

Espero vocês no próximo artigo!

Abraços inclusivos!

Veja também...

A seguir, enumero uma série de razões que explicam a importância de falarmos com os nossos bebês. a) Desenvolvimento da linguagem: a …

O “Hot Wheels Prova Aceita” vai tomar conta do Shopping São José, em São José dos Pinhais (PR), neste próximo domingo. Uma …

A Justiça do Piauí determinou a redução em 50% da jornada de trabalho de uma técnica de enfermagem da Prefeitura de Joaquim Pires, município …

plugins premium WordPress