20/06 | 2 anos de Coletivamente

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O diagnóstico de uma influencer

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Na quarta-feira da semana passada, a influencer Virginia Fonseca, ao lado do marido, o cantor Zé Felipe, revelou que foi diagnosticada com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) nas redes sociais. “Sim, fui diagnosticada com TDAH e hiperatividade. Acho que essa parte todo mundo sabia, né?”, afirmou a influenciadora, nos Stories do Instagram.

De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a prevalência global do transtorno varia entre 5% e 8%. Para o  Dr. Caio Gibaile, psiquiatra, nos dias de hoje, é comum encontrarmos informações discrepantes sobre a doença, frequentemente acompanhadas por estigmas e mal-entendidos.

“É fundamental desmistificar o  TDAH e eliminar as ideias equivocadas que circulam a respeito. Com as abordagens corretas, pessoas com o transtorno podem não apenas levar uma rotina comum, mas também prosperar em diversos aspectos de suas vidas”, ressalta o médico.

Segundo a médica Ana Teresa D’Elia, psiquiatra, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, com forte influência genética, que começa a se manifestar na infância e persiste ao longo da vida.

“O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, os sintomas iniciam na infância, porém, muitas vezes, o diagnóstico não é realizado durante esse período. De forma resumida, é aquela criança desatenta/hiperativa, que tem diversos prejuízos devido à falta de atenção, mas que nunca foi levada para uma avaliação e acaba indo buscar o diagnóstico na fase adulta”, ressalta ela.

Três tipos, diz psiquiatra

A médica conta que existem três tipos de TDAH, sendo que eles são divididos com base nos principais sintomas apresentados.

“Há o hiperativo/impulsivo, em que predominam agitação, inquietação e impulsividade, o desatento, em que a desatenção, a dificuldade de organização e a falta de foco predominam, e o misto/combinado, no qual o paciente apresenta tanto a hiperatividade quanto a desatenção”, diz.

“Os sintomas incluem desatenção, com dificuldade para concluir tarefas, dificuldade de organização, não conseguir manter o foco em tarefas simples, às vezes, até em uma conversa, procrastinação e distração. E também temos a hiperatividade, com inquietação, agitação, dificuldade de esperar, impulsividade, dificuldade de relaxar”, lista Ana Teresa.

Mais intensidade na infância

Na infância, os sintomas podem se manifestar de forma mais intensa. “A criança tem muita dificuldade de ficar sentada na cadeira, mexe em tudo, interrompe a aula e fala muito, por exemplo. É importante lembrar que, em meninas, essa agitação tende a ser menos frequentes”, acrescenta ela.

Para diagnosticar o TDAH, é necessário analisar os sintomas relatados pelo paciente e também os impactos que eles causam na qualidade de vida.

“A identificação desse transtorno deve envolver muito mais do que um simples checklist de sintomas. Muitas vezes, são necessários diversos atendimentos e multiprofissionais, com aplicação de instrumentos adequados para o diagnóstico de cada faixa etária. Além disso, é fundamental investigar a presença de outras comorbidades. Ou seja, é um diagnóstico que pode sim ser muito complexo”, alerta a psiquiatra.

As pesquisadoras  Rita de Cássia dos Santos Flores e  Ana Lúcia Hennermann, autoras do artigo “Importância da Avaliação Neuropsicopedagógica clínica em crianças/adolescentes com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade ( TDAH )”, reforçam que, durante o processo de avaliação clínica com hipótese de TDAH, o profissional considera sintomas e critérios de neuropsicopedagogia, envolvendo escalas, relatórios e coleta de informações sobre o dia a dia do indivíduo.

Tratamento com diversas abordagens

O TDAH pode ser tratado com várias abordagens, que podem envolver adaptações comportamentais, intervenções psicoeducacionais e, em alguns casos, medicamentos estimulantes.

” O tratamento deve ser feito de forma individualizada, dependendo do quadro e dos prejuízos que cada um tem. Em geral, a psicoterapia cognitivo comportamental com técnicas com foco em organização, gestão de tempo, planejamento e execução de tarefas costuma trazer bons resultados. O uso de medicação, quando bem indicada e com acompanhamento médico adequado, também pode ser interessante, principalmente associado à psicoterapia e mudanças comportamentais”, destaca Ana Teresa.

Apesar de ser um problema mais comum em crianças, cada vez mais, observados adultos sendo diagnosticados com o TDAH. Porém, Flávio H. Nascimento, psiquiatra, explica que isso não indica necessariamente que ele pode ser desenvolvido ao longo da vida.

“As evidências de que o TDAH pode ser desenvolvido na fase adulta são muito escassas, todas reforçam que a condição surge desde a infância, mas existem outros fatores que podem levar ao diagnóstico na idade adulta, como, por exemplo, sintomas similares causados por outras razões”, conclui ele.

FONTE: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/virginia-e-diagnosticada-com-tdah-saiba-o-que-e-o-transtorno,7c6aa67703c41cf3f70c73753cda00b67st7cqhq.html

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