20/06 | 2 anos de Coletivamente

Compartilhe

Compartilhe

A utilização de paracetamol durante a gravidez foi associada a uma maior probabilidade de desenvolver o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) na infância, como mostra um novo estudo publicado na revista “Nature Mental Health”. O tema tem gerado polêmica na comunidade científica, pois uma pesquisa publicada na revista “JAMA”, no ano passado, refutou os achados anteriores sobre a ligação entre o uso do fármaco na gestação e o surgimento de TDAH em crianças.

O paracetamol é um analgésico e antitérmico, isto é, ele alivia dores e ajuda a controlar a febre, respectivamente. Seu efeito ocorre entre 15 e 30 minutos. No Brasil, não é necessária receita médica para comprá-lo.

Os pesquisadores da Universidade de Washington, responsáveis pelas novas evidências, analisaram biomarcadores de exposição ao acetaminofeno (nome científico do paracetamol) a partir de 307 pares mãe-filho afro-americanos.

A partir disso, a equipe de pesquisa descobriu que a detecção do fármaco em amostras de sangue materno no segundo trimestre da gravidez estava correlacionado a maiores chances de diagnóstico de TDAH em crianças de 8 a 10 anos.

Crianças cujas mães tinham biomarcadores do medicamento presentes em seu plasma tiveram uma probabilidade 3,15 vezes maior de um diagnóstico de TDAH quando comparadas com aquelas sem exposição ao remédio.

Segundo os cientistas, a associação se mostrou mais forte entre as mulheres do que entre os homens, com crianças do sexo feminino de mães que utilizaram o paracetamol durante a gestação apresentando uma probabilidade 6,16 vezes maior de TDAH, enquanto a associação não significativa nos meninos.

Em mulheres, a presença do medicamento estava ligada à regulação positiva de vias relacionadas ao sistema imunológico, incluindo expressão aumentada de um tipo de anticorpo chamado IGHG1. Segundo a equipe, o aumento da expressão de IGHG1 foi estatisticamente associado a diagnósticos de TDAH.

Já as vias de fosforilação oxidativa foram reguladas negativamente em ambos os sexos, um padrão anteriormente associado ao comprometimento do neurodesenvolvimento. Dessa forma, os cientistas afirmam que a pesquisa conseguiu eliminar as preocupações com viés levantadas em estudos anteriores.

Divergências na comunidade científica

Em abril do ano passado, um estudo publicado na revista científica “JAMA, liderado por pesquisadores do Instituto Karolinska, da Suécia, e da Universidade de Drexel, dos EUA, refutou pesquisas anteriores que estabeleciam conexão direta entre a ingestão de paracetamol por grávidas e o eventual desenvolvimento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) nas crianças.

A equipe encontrou seus resultados após estudar irmãos com os mesmos pais biológicos. A partir disso, afirmaram que não existiam evidências para estabelecer a associação apontada por outros colegas cientistas.

“Isso sugere que as associações observadas em outros modelos podem ter sido atribuídas a fatores de confusão”, escreveram os autores.

Dessa forma, novos estudos deverão ser feitos até que seja estabelecido um ponto de concordância entre os resultados encontrados por estudiosos.

FONTE: https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2025/02/17/paracetamol-uso-do-remedio-durante-a-gestacao-pode-aumentar-risco-de-tdah-na-crianca-entenda-a-polemica.ghtml

Veja também...

No final deste mês, estarei em Santos, litoral norte de São Paulo, para um evento muito bacana:  a III Jornada sobre Aprendizagem …

O psiquiatra Paulo Liberalesso, em resposta a uma pergunta, respondeu com o vídeo abaixo sobre regras que as escolas devem seguir com …

Se seu filho autista já teve uma crise intensa, você sabe o quanto pode ser desesperador. Ver a criança gritar, se debater, …

plugins premium WordPress