Embora existam muitas pesquisas na área, as causas do transtorno do espectro do autismo (TEA) permanecem na maioria indefinidas. Apesar de acreditar que fatores genéticos e condições ambientais interfiram no seu desenvolvimento, um estudo recente apresentado na revista Nature Neuroscience, investigou a correlação entre o transtorno do espectro do autismo (TEA) e a intrincada relação entre o cérebro e o intestino.
A pesquisa, iniciada pela Iniciativa de Pesquisa em Autismo da Simons Foundation (SFARI) e conduzida por uma equipe de 43 cientistas nas áreas de biologia computacional, engenharia, medicina, autismo e pesquisa de microbioma de quatro continentes, concentrou-se em investigar a conexão entre TEA e o microbioma intestinal – uma coleção fascinante de microorganismos como bactérias, fungos, vírus e genes que coexistem em nossos corpos.
No abrangente estudo, os pesquisadores coletaram dados de 10 pontos diferentes, analisando especificamente informações sobre autismo e microbioma. Além disso, eles consideraram 15 pontos de dados relacionados a hábitos alimentares, metabolismo, células imunológicas e expressão gênica no cérebro humano.
Para tornar sua análise mais precisa, a equipe desenvolveu um algoritmo sofisticado que combinava indivíduos com autismo com base em idade e sexo, dois fatores críticos frequentemente considerados em estudos relacionados ao autismo.
As descobertas do estudo apontaram para sinais de autismo evidentes em certas “vias metabólicas” que estão intimamente ligadas à dieta, genética e micróbios intestinais.
Composição das bactérias
Em seu relatório, os pesquisadores enfatizaram a natureza bidirecional da comunicação entre o intestino e o cérebro. Eles destacaram como a composição das bactérias intestinais pode ser influenciada por escolhas alimentares e, por sua vez, afetar a função cerebral.
Embora o estudo destaque o papel potencial do microbioma intestinal no tratamento dos sintomas do autismo, os mecanismos precisos subjacentes à conexão entre as alterações intestinais e a função cerebral ainda requerem uma exploração mais aprofundada.
Jamie Morton, um dos autores do estudo, destacou a importância das descobertas, afirmando: “Ao harmonizar dados aparentemente díspares de vários estudos, estabelecemos um terreno comum para uni-los. Como resultado, identificamos uma assinatura microbiana que pode distinguir entre indivíduos autistas e neurotípicos em vários estudos. No entanto, é crucial conduzir estudos robustos e de longo prazo no futuro que englobem uma ampla gama de conjuntos de dados e explorem como essas assinaturas mudam em resposta a intervenções terapêuticas.”
Fonte: Tecmundo (https://www.tecmundo.com.br/ciencia/265825-nova-pesquisa-encontra-conexao-entre-autismo-microbioma-intestinal.htm)