20/06 | 2 anos de Coletivamente

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No TEA nível 1 de suporte até nos adultos vemos bastante ingenuidade nas relações de amizade.

Edinho, meu filho autista (27), quando no nível três de suporte, não dava a mínima para os coleguinhas. Ao ir caminhando no espectro, foi ouvindo que “amizade importa”. Mas que amizade? Todo mundo que sorri para ele era amigo? Não. Ser gentil é bom, mas não é tão bom crer que qualquer um que sorri pra gente, a gente deve levar para casa.

Foi muito difícil explicar as nuances do relacionamento social na fase de maior rigidez cognitiva/comportamental. Se alguém fazia ou dizia algo que Edinho não gostava, esse alguém era ruim, tipo, sempre. Se era amigável, era um amigo de verdade. Difícil quebrar essa rigidez, mas, como tudo a que me propus na sua criação, acho que consegui. Edinho chegou ao ponto de “confiar desconfiando” de quem se aproxima sorrindo porque, até que uma amizade seja selada – e olhe lá -, pode haver decepção.

Analogia do bolo

Comecei contando a ele experiências minhas, com essa analogia do bolo (metáfora na imagem). Ele adorou. Entendeu na hora.

Trazer em casa – no sentido literal e figurado – é para poucos. Mesmo assim, às vezes a gente se engana. Trazemos perto, damos o que nos pediam, servimos enquanto favorecemos e, depois do uso, perdemos o valor. Se bobear, ainda falam mal da gente.

Amizade que surge da utilidade não costuma ser confiável. A carona que você dá, a escada que você mostra, a festa que você monta, as portas que você abre, o acesso rápido a amigos influentes, trabalho gratuito, indicações. Todo mundo quer ser seu amigo quando te consideram um atalho rápido para conseguirem o que desejam. Acabou a utilidade, acabou a amizade. Que coisa triste, mas comum.

Edinho adora ser útil, mas já não é o bobo da corte. Assim como a mãe dele. Perdi a utilidade para muita gente. Mais do que nunca quero me rodear de amigos que veem excelência na minha inutilidade.

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