Ressignificar, uma das possíveis dificuldades para pessoas autistas
A definição para a palavra ressignificar é: dar um novo sentido, forma ou função a algo, geralmente com o intuito de superar padrões, segundo o site academia.org.br.
Na Neurolinguística, a ressignificação é o método usado para que as pessoas atribuam significado novo aos acontecimentos, mudando sua visão de mundo.
Pensei nesse tema até por minhas próprias limitações quanto à rigidez cognitiva (padrões de pensamento, comportamentos rígidos e dificuldades para adaptar-se a mudanças). A rigidez cognitiva aliada à falta de habilidades adaptativas pode dificultar muito para o autista conseguir ressignificar e/ou encontrar novos sentidos para questões da vida, mesmo as cotidianas, tornando-as verdadeiros desafios.
Algumas vezes, tenho a noção de que algo não vai como desejo, que preciso propor reprogramações e ressignificações, mas a necessidade de mudar a rota pode me causar insegurança, ansiedade e estresse, me levando a procrastinar, o que gera certo desconforto emocional. Sinto-me literalmente entre a cruz e a espada, por um lado a necessidade da mudança, por outro, o desconforto imediato que ela pode trazer.
Entendo que para melhorar precisarei ressignificar, mas também que o processo pode trazer mais dor até
que se torne realmente libertador. O fato de ter vivido a maior parte da vida sem o diagnóstico de autismo, fez
com que eu desenvolvesse, a duras penas, estratégias de sobrevivência e algumas habilidades adaptativas, sem nenhum acompanhamento terapêutico até então. Muitas tentativas e muito erros perpassaram essa trajetória antes que começassem a despontar os acertos.
Como para atender a necessidade de alguns autistas, em vislumbrar conceitos de forma mais concreta, resolvi repassar algumas dicas que utilizo para estruturar meus processos de ressignificação, e que me permitem visualizar prováveis resultados. Anoto aquilo que penso ser necessário ressignificar, reflito como essas coisas
me afetam, a fim de entender melhor as ações que deverei tomar. Depois de organizar os pensamentos, escolho a melhor forma de agir, invisto e insisto em treino, afinal nem sempre as mudanças são imediatas.
Respeitar meu próprio tempo sempre se faz necessário, e evita precipitações. Com a maturidade, já não me cobro tanto ou me envergonho caso precise pedir ajuda de alguém próximo, ou mesmo a ajuda profissional de um
terapeuta.
Interiorizo que as percepções estabelecidas podem demandar tempo até serem ressignificadas, afinal elas levaram quase uma vida sendo construídas e não se transformarão da noite para o dia. Seguir um planejamento que seja plausível, me leva a confiar mais em mim e no processo.
Nota: cada autista é único, o que funciona pra mim, pode não funcionar para você. Mas, sinceramente, espero sim que te ajude.
Autismo Feminino @claudiacoelhodemoraes