20/06 | 2 anos de Coletivamente

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O cantor Vitor Fadul, de 27 anos, natural de Itanhaém, no litoral de SP, recebeu há dois anos um diagnóstico tardio de autismo, entretanto, revelou ao g1 que sempre soube que era neurodivergente [pessoa cujo desenvolvimento neurológico é atípico, diferente] e que percorreu um longo percurso até a descoberta do transtorno. “Creio que, se o diagnóstico tivesse sido na infância, eu teria tido o apoio que mais precisei e não tive”

Fadul, que assumiu recentemente o relacionamento com o historiador e professor Leandro Karnal, de 59, com quem está há quatro anos, contou que a infância sem o diagnóstico foi muito difícil. “Sempre tive muita dificuldade com as crianças da minha idade e uma dificuldade total na escola, de aprendizagem”.

Ele ressaltou que teria sido muito mais fácil, por exemplo, se tivesse tido direito a um professor especializado exclusivamente, como é garantido hoje a quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) em escolas particulares. “Eu precisava desse profissional comigo, sabe? Mas fico feliz que hoje o diagnóstico esteja mais fácil por existir mais tecnologia e conhecimento”, disse.

Suporte adequado

Para o músico, é gratificante saber que o avanço no diagnóstico permite a crianças, jovens e adultos o apoio e o suporte adequados para evolução, e contou ter aprendido muito sobre o distúrbio desde que descobriu tê-lo.

“Aprendi, em primeiro lugar, sobre autismo. A minha ignorância era tamanha que eu achava que trissomia [presença de três cromossomos] 21, mais conhecida como Síndrome de Down, e o autismo eram as mesmas coisas. Saber mais sobre o autismo foi muito importante para buscar auxílio e terapias especializadas”.

Em relação à música, Fadul acredita que possa existir preconceito por causa dele ser autista. “Podem me achar menos capaz ou ter medo de lidar comigo, mas estou aqui para mostrar que lugar de autista é onde ele quiser. As coisas podem ser mais desafiadoras para mim, mas eu posso fazer tudo, e com muita capacidade”.

O marido de Karnal é alvo de muitos comentários nas redes sociais sobre a semelhança física que tem com o personagem Harry Potter e ele afirmou que adora as comparações. “Acho o Daniel Radcliffe um gatinho e ser comparado com ele faz bem para a autoestima, não faz?”.

Questionado sobre a relação com o historiador, Fadul afirmou que apenas decidiram oficializar o que já estava oficializado. “Foi uma decisão natural”.

Nascido em Itanhaém, no litoral de São Paulo, o músico confessou que mudou-se para a capital paulista com 2 anos, onde começou a cantar na igreja. “Não tenho essa memória, mas claro que retornei para Itanhaém muitas vezes depois e sempre foi muito bom. Amo Itanhaém”.

“As lembranças são todas de ouvir minha mãe falar. Morávamos perto de uma praça no Centro [da cidade]. Segundo ela, eu adorava correr entre as pombas e alimentá-las com milho”, relembrou.

Apesar dos pais morarem na Baixada Santista e sempre vir à região para visitá-los, Fadul confessou que nunca esteve em Itanhaém com Karnal. “Nunca fomos juntos, [mas] teremos oportunidades”.

TEA

O TEA é um transtorno de desenvolvimento da primeira infância em que ocorrem dificuldades na comunicação e interação social. Não há só tipo de autismo, mas graduações dentro desse transtorno de desenvolvimento. Um espectro abrange diferentes gradações e intensidades.

O transtorno do espectro autista pode afetar todo o organismo e, por isso, ser confundido com outros problemas isolados. As crianças podem ter convulsões, distúrbios do sono, ansiedade, transtornos alimentares, TDAH, distúrbios de linguagem.

O Governo Federal sancionou a lei 13.438, que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a adotar um protocolo padronizado, com cerca de 20 perguntas, que avaliam os riscos ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses – período em que o sistema nervoso está em formação. A lei tem objetivo de evitar que o diagnóstico tardio comprometa o desenvolvimento das crianças.

São perguntas simples, mas fundamentais para detectar o distúrbio. Tudo isso pode e deve ser observado desde bebê. São perguntas como: seu filho olha para você no olho por mais de um segundo ou dois? Seu filho sorri em resposta ao seu rosto ou ao seu sorriso? O seu filho imita você?

Crianças com transtorno do espectro autista têm direito a um tratamento com médicos especialistas, psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais que cuidem dos problemas físicos, da saúde mental e que também tenham preparo para ajudar a família a treinar novos comportamentos. A terapia comportamental é a intervenção com maior comprovação científica.

Fonte: G1 (https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2023/01/23/cantor-e-marido-de-karnal-vitor-fadul-fala-sobre-o-diagnostico-tardio-do-tea-e-esnoba-preconceito-lugar-de-autista-e-onde-ele-quiser.ghtml)

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