20/06 | 2 anos de Coletivamente

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TDAH na terceira idade

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Dificuldades em se concentrar para atividades de longo período, distração frequente e facilidade em perder coisas. Esses são alguns dos sintomas do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) na terceira idade. Embora o diagnóstico seja mais comum na infância, ele também pode ser feito na terceira idade. Contudo, nessa fase vida, é comum os sintomas serem confundidos com outras doenças, como o Alzheimer.

“Isso ocorre porque tanto o TDAH quanto a demência apresentam sintomas semelhantes, como problemas de memória, desatenção e dificuldade em realizar tarefas diárias, o que pode levar a diagnósticos equivocados”, explica Lavínia Teixeira Machado, professora do Departamento de Educação em Saúde e dos Programas de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde e Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). “Além disso, quase 80% dos adultos com TDAH têm outras condições psiquiátricas como ansiedade, depressão e transtorno bipolar”.

O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que ocorre durante a maturação do sistema nervoso — desde o primeiro trimestre de gestação até cerca de 25 anos, com a maturação do córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas mais complexas.

O problema é que nem todo mundo procura ajuda médica diante dos sintomas. Por isso, existem idosos que viveram a vida toda com TDAH e somente na terceira idade, ao acreditarem terem outras doenças, descobrem o diagnóstico.

Lavínia destaca que os principais sintomas TDAH na terceira idade são:

+ Disfunção executiva (distração);

+ Problemas de memória (esquecimento, dificuldade em aprender coisas novas);

+ Prejuízos motores (lentidão, tremores, rigidez muscular);

+ Surgimento de outras condições psiquiátricas, como transtornos de humor.

“Geralmente, adultos com TDAH são pessoas que tendem a ser procrastinadoras, ou seja, deixam tudo para a última hora. Possuem dificuldade de organizar a vida financeira, vida pessoal e são pessoas que estimam mal o tempo, tendo dificuldade para se programar para tarefas comuns do cotidiano”, diz Mário Rodrigues Louzã, coordenador do Programa de Déficit de Atenção e Hiperatividade do Adulto do Instituto de Psiquiatria da USP.

Como deve ser feito o diagnóstico

A professora da UFS ressalta que a grande diferença no diagnóstico do TDAH na infância e terceira idade está atrelado ao número de sintomas. “Em crianças (menores de 17 anos), é necessário a presença de seis ou mais características de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade. Em adultos, são necessárias pelo menos cinco características em qualquer uma das apresentações”, diz.

Para uma classificação correta do TDAH em idosos, três avaliações devem ser feitas pelo médico:

1) Documentar a cronicidade dos sintomas, seja por autorrelato ou relato de um familiar ou cônjuge. Ou seja, para ser TDAH é necessário que o médico descubra se os sintomas começaram na infância e adolescência.

2) Estabelecer um histórico familiar de TDAH (por exemplo, parente de primeiro grau diagnosticado) pode fornecer informações valiosas sobre a probabilidade de TDAH em um adulto mais velho. Assim, se o pai teve TDAH, as chances de o filho também ter são altas.

3) Utilizar escalas de avaliação do funcionamento cognitivo, que capturam dificuldades cotidianas associadas à desatenção e e impulsividade.

Como é o tratamento

Apesar de não existir cura para o TDAH, existe uma série de intervenções que pode facilitar a vida do idoso diagnosticado com o transtorno. O tratamento pode incluir medicamentos estimulantes e não estimulantes, bem como terapias comportamentais, segundo Lavínia. De acordo com ela, intervenções terapêuticas, como treinamento comportamental, também podem ser eficazes no manejo das características que causam prejuízo funcional.

Não tratar pode desencadear outros transtornos mentais. “Muitas pessoas idosas com TDAH também sofrem de outras condições psiquiátricas, como ansiedade, depressão e transtorno bipolar. A falta de tratamento para o TDAH pode exacerbar esses transtornos. Ele ainda pode compartilhar mecanismos subjacentes com transtornos neurodegenerativos como demência, aumentando o risco de desenvolvimento dessas condições na ausência de tratamento”, diz a professora.

Jairo Werner, médico psiquiatra e professor da faculdade de medicina da UFF (Universidade Federal Fluminense), orienta que diante de um diagnóstico de TDAH na terceira idade, a principal atitude que deve ser evitada é rotular o idoso.

“Existe a tendência de já rotular o idoso e desqualificar seu comportamento como decorrente de uma ‘doença’. Mas certas caraterísticas de desatenção podem fazer parte da estrutura de funcionamento do indivíduo”, diz ele.

Werner ressalta que a família deve incentivar o idoso a aprender coisas novas. “Independentemente da idade ou do tipo de transtorno, deve-se buscar novas formas de comportamento e de superação, ampliando a consciência de si mesmo.”

FONTE: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/07/15/vovos-desatentos-os-sinais-do-tdah-na-terceira-idade.htm

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