O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é considerado pelos especialistas uma condição de neurodesenvolvimento que afeta a interação social, a comunicação e o comportamento. Dentre as várias características do TEA, as dificuldades de processamento sensorial é uma das mais comuns e desafiadoras.
Crianças com autismo frequentemente apresentam sensibilidades sensoriais únicas, que podem variar amplamente. Algumas delas são hipersensíveis a certos estímulos, como barulhos altos ou luzes intensas, enquanto outras buscam estímulos sensoriais intensos, como girar ou balançar. Essas variações no processamento sensorial podem impactar significativamente suas atividades diárias, dificultando a interação com o ambiente e a participação em atividades comuns.
A terapia de integração sensorial consiste em uma abordagem terapêutica que visa ajudar crianças com dificuldades de processamento sensorial, como as que têm TEA. Ela tem o objetivo criar um sistema sensorial mais organizado e eficiente, o que permite que essas crianças se desenvolvam melhor.
Florence de Oliveira Assis Lavorato da Rocha, médica cirurgiã cardiovascular, diagnosticada com autismo aos 43 anos, mãe atípica e co-idealizadora do projeto “Montando um time”, explica que a terapia sensorial oferece uma oportunidade única. “Ela faz com que as crianças com TEA aprendam a lidar melhor com os estímulos do ambiente ao seu redor, o que pode resultar em mudanças positivas no comportamento, na cognição e na interação social.”
Esse tratamento geralmente envolve o uso de diversos estímulos sensoriais, como toque, sons, aromas e movimentos, para ajudar as crianças a regularem suas respostas a esses estímulos. Por meio de uma exposição controlada e estruturada, os terapeutas conseguem promover o desenvolvimento das habilidades de processamento sensorial, melhorando assim o desempenho geral da criança. “As atividades sensoriais, quando bem aplicadas, ajudam a criança a sentir-se mais conectada com seu próprio corpo e com o mundo ao seu redor, o que é fundamental para seu desenvolvimento integral,” acrescenta Florence.
Além da terapia realizada por profissionais, atividades sensoriais podem ser implementadas em casa e nas escolas com o auxílio dos pais e educadores. Criar um ambiente que ofereça estímulos sensoriais controlados pode ajudar a criança a se sentir mais segura e confortável, promovendo uma interação mais positiva com o ambiente. “É essencial que as famílias e as escolas entendam a importância de um ambiente sensorialmente adequado para as crianças com TEA. Isso faz uma diferença imensa no dia a dia delas”, enfatiza a médica.
Espaços em BH
Em Belo Horizonte, um exemplo de espaço sensorial foi criado na Boca do Forno, no Bairro Lourdes. Este ambiente foi pensado para ser acolhedor e adaptável, podendo ser utilizado tanto por crianças neurotípicas quanto neuroatípicas e recebeu o Selo de Ambiente Inclusivo, do “Montando um time”, que somente é concedido aos estabelecimentos que são orientados, recebem palestras sobre o Transtorno do Espectro Autista, e são treinados para identificar, acolher e assegurar a efetivação dos direitos a essa coletividade, oferecer atendimento prioritário e adequado, com eliminação de barreiras ambientais e atitudinais, visando sempre a inclusão e o respeito à dignidade e autonomia do indivíduo.
O projeto “Montando um time”, co-idealizado por Florence Assis e seu marido Gustavo Lavorato, fornece treinamento e orientação aos estabelecimentos para a criação e uso de espaços sensoriais. “Oferecemos desde palestras educativas até treinamentos individuais para os colaboradores, além de ajudar a montar o espaço sensorial. Cada empresa pode optar pelo serviço que melhor atende às suas necessidades”, explica.
Para mais informações sobre os serviços oferecidos pelo “Montando um time”, acesse o site montandoumtime.com.br, onde estão disponíveis detalhes sobre treinamentos, palestras, assessorias e outras informações.
As atividades sensoriais desempenham um papel crucial no estímulo e desenvolvimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Elas ajudam a criar um sistema sensorial mais equilibrado, promovendo o desenvolvimento cognitivo, comportamental e social dessas crianças. Com o apoio de iniciativas como o Projeto Montando Um Time, é possível criar ambientes de inclusão que acolham e estimulem essas crianças de maneira eficaz, oferecendo a elas a chance de alcançar seu pleno potencial.
FONTE: https://www.em.com.br/saude/2024/11/6996254-autismo-atividades-sensoriais-ajudam-no-desenvolviento-das-criancas.html