Wallace de Lira, 23 anos, é um escritor e ativista muito atuante na comunidade do autismo. No momento em que dá linhas finais a seu livro, “Desordem no espectro”, ele aproveita para nos contar um pouco de sua história. Diagnosticado com a síndrome de Asperger, hoje considerada autismo nível 1 de suporte, esse paulistano conta na obra o que considera a fase mais difícil de sua vida. Wallace Lira recentemente participou da gravação do seriado “O som e a sílaba”, de Miguel Falabella, que vai ao ar no segundo semestre do ano que vem. Integrante de nosso time de colunistas, Wallace Lira nos concedeu a seguinte entrevista:
O que te levou a escrever “Desordem no espectro”?
Wallace: Eu tenho um grande hiperfoco em escrever, sempre me senti incompreendido, de certa forma apenas estou demonstrando meu sentimento de incompreensão no livro.
Esse momento te incentivou na vida?
Wallace: Com toda a certeza, fui apunhalado pelas costas, por pessoas em que eu confiava. Não sabem os danos irreversíveis que causaram à minha saúde mental, tentaram me destruir de todas as formas. Isso fez com que eu me tornasse alguém diferente, melhor para o próximo.
Você cita terceiros na sua resposta, se você pudesse mandar um recado a estes, qual seria?
Wallace: Eu sei que vocês me fizeram o mal, mas eu desejo o bem a vocês. Não sou capaz de sentir ódio.
Quando será lançado o seu livro?
Wallace: Estou em conversas com editoras, mas por enquanto tenho trabalhado na plataforma Wattpad para dar um gostinho ao leitor. Quero que seja um livro físico, pois é baseado em fatos reais sobre a minha vida.
Wallace, para encerrar, como você se vê como uma pessoa com autismo?
Wallace: Vejo o mundo de uma forma diferente, noto isso nas minhas relações cotidianas. Vivi uma linha tênue entre ser chamado de gênio por alguns e doido por outros. Não sei qual a melhor definição, talvez as duas se encaixem para mim, mas não tenho vergonha de ser quem eu sou.
“Desordem no espectro” está disponível temporariamente na plataforma Wattpad até que seja lançado fisicamente.