O autismo é identificado, internacionalmente, por um quebra-cabeça (puzzle). Muitos autistas não gostam dessa definição, pois não concordam com ela. É justo.
Por outro lado, faz sentido para os neurotípicos. Não compreendem o autismo de todo e, quando acham que entendem, vem outro desafio (outra peça do quebra-cabeça).
Neurotipicos supõem que, quando todas as peças se encaixarem, terão desvelado o mistério do autismo.
O mundo neurotípico quer saber tudo, e acha que sabe muito. Só que: quem sabe, mesmo, sabe que nada sabe.
Quem sabe, não afirma; pergunta e questiona, sempre. Ouve, reflete e mantém uma opinião ou tem a humildade de mudá-la. Ainda assim, nunca vai ter certeza.
NEUROTÍPICOS SÃO OS QUEBRA-CABEÇAS DOS AUTISTAS
Muitos autistas estão em um mundo onde a maior parte da população é neurotipica, ou seja, de pessoas e ações que mudam constantemente. Pessoas imprevisíveis, cheias de Teoria da Mente – supondo, pressupondo, julgando, achando o que, por vezes, não é.
Quando autistas aprendem a lidar, a coisa muda, mexendo com a rotina lógica daquilo que o a pessoa autista estava acostumada a ver, fazer ou a usar:
– Um site repaginado;
– Os updates de redes sociais;
– Migrações de contas bancárias;
– Mudanças com a finalidade de melhorar o que o indivíduo autista pensa que piorou.
Novidades da sociedade moderna são um caos para muitos autistas.
Autismo é um quebra-cabeças para quem não o entende. Mas a neurotipia é um campo minado. Cada passo do autista deve ser bem colocado para que a “bomba” não exploda, repentinamente.
Quem é o quebra-cabeça de quem?…
Quem está disposto a completar o seu quebra-cabeça?
Quem pratica a neurodiversidade é a pessoa autista e a não autista que segue montando o jogo até que a última peça se encaixe.