O neuropediatra Paulo Liberalesso se debruçou recentemente sobre uma abordagem acerca da obra de “Hamlet”, de William Shakespeare. Para ele, as mensagens passadas por meio da dramaturgia são interssantes e servem para se traçar alguns paralelos sobre a esquizofrenia. Abaixo, o que ele escreveu.
“Hamlet” é uma das mais célebres tragédias de William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601. A obra narra a história do príncipe da Dinamarca, Hamlet, que busca vingar a morte de seu pai, assassinado por seu tio, Claudius, que posteriormente se casa com sua mãe, Gertrude.
A famosa frase “Ser ou não ser, eis a questão” reflete as profundas angústias existenciais do príncipe.
Mas, eu não quero falar da história em si. Quero falar das relações entre o personagem principal e a esquizofrenia.
A relação entre o príncipe Hamlet e a esquizofrenia pode ser vista em diversos momentos da trama, através de seus comportamentos e delírios. Hamlet exibe sinais de profunda alteração mental conforme lida com o assassinado de seu pai e a vontade de vingança.
Suas alucinações visuais e auditivas (como a manifestação do fantasma de seu pai) e sua instabilidade emocional podem ser analisadas à luz dos sintomas esquizofrênicos, que incluem delírios, alucinações, alterações na percepção da realidade e desorganização do pensamento.
Além disso, a maneira como Hamlet questiona a sua própria sanidade e o papel que a distorção da realidade desempenha em sua vida pode ser interpretada como uma luta pessoal com aspectos que se assemelham ao que ocorre em muitos pacientes no transtorno do espectro da esquizofrenia.
Essas características tornam o personagem não apenas um príncipe em busca de vingança, mas também um indivíduo complexamente atormentado por sua própria mente, refletindo as tensões entre a razão e a insanidade, um tema CENTRAL nessa obra.
Se você ainda não leu “Hamlet” de Shakespeare, você está perdendo uma grande oportunidade. Esse livro é uma verdadeira obra de arte da literatura mundial.